De Moscou, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse nesta quarta-feira (29) que a atualização de um acordo de cooperação de longo prazo com a Rússia será finalizado e assinado dentro de um mês. As informações são da agência de notícias iraniana Mehr.
Em coletiva de imprensa ao lado do seu homônimo russo, Sergey Lavrov, o principal diplomata iraniano falou sobre o pacto.
Segundo Amir-Abdollahian, o documento de “cooperação estratégica e de longo prazo” entre os dois lados foi revisado por ambas as nações e deve ser finalizado e assinado “no próximo mês”. O ministro observou que a versão atualizada do acordo propõe maior cooperação e colaboração entre Teerã e Moscou em áreas-chave, incluindo comércio, segurança e transporte.
Durante reunião em janeiro de 2022, o presidente iraniano Ebrahim Raisi e seu colega russo, Vladimir Putin, concordaram em fortalecer os laços bilaterais como parte do acordo, assinado em março de 2001 e originalmente concebido para 10 anos, sendo posteriormente prorrogado por cinco anos duas vezes.
Amir-Abdollahian chegou a Moscou na noite de terça-feira (28), acompanhando de uma delegação. Na chegada, ele disse a repórteres que a agenda incluiria discussões que abordam questões bilaterais, regionais e internacionais, incluindo as negociações paralisadas para reviver o acordo nuclear de 2015.
Em meio ao aumento das tensões entre o Ocidente e os dois países, o ministro destacou que o volume de comércio entre os dois países aumentou 3,5 vezes no último ano e meio.
Lavrov também expressou satisfação pelo fato de que as relações bilaterais e os intercâmbios entre Teerã e Moscou, segundo ele, aumentaram nos campos político, comercial, de investimento e econômico.
“As relações têm crescido de forma constante e temos uma estreita cooperação nos assuntos internacionais e regionais, e hoje todos estes temas estão na ordem do dia das nossas negociações”, sublinhou.
Parceria bélica
A mesa de negócios entre os dois países envolve uma aliança militar. Desde 2022 têm se acumulado denúncias de que Teerã fornece drones às tropas de Vladimir Putin. Os governos russo e iraniano teriam, inclusive, firmado um acordo para que Moscou passe a produzir, com base em projetos iranianos, seus próprios drones de ataque.
Para negociar os veículos não tripulados, Moscou e Teerã precisam driblas as sanções ocidentais, que impedem países de todo o mundo de fornecer à Rússia armas e outros equipamentos de uso duplo, que possam ter função também militar.
A maioria dos drones foi levada por um navio iraniano através do Mar Cáspio, que liga os dois países. Durante o trajeto, o armamento foi transferido para um navio da marinha russa. Os demais itens foram transportados por uma companhia aérea do governo do Irã, sendo que a última entrega registrada teria ocorrido no dia 20 de novembro.
EUA, França e Reino Unido afirmam que o fornecimento de drones pelo Irã viola a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Soma-se a isso o fato de serem usados para destruir a infraestrutura essencial ucraniana, o que pode vir a ser considerado crime de guerra.