Justiça russa coloca o irmão de Alexei Navalny, Oleg, na lista de criminosos procurados

Inserção do nome dele na lista ocorre porque as autoridades locais não o encontraram em casa durante uma ação policial

O nome de Oleg Navalny, irmão do oposicionista russo Alexei Navalny, foi inserido na lista de criminosos procurados na Rússia. A medida foi adotada na quarta-feira (26), um dia após a Justiça pedir a conversão em prisão efetiva da pena suspensa anteriormente aplicada a ele. As informações são da rede Radio Free Europe.

Agora, uma audiência agendada para o dia 18 de fevereiro decidirá sobre a conversão da pena suspensa em prisão efetiva. A inserção do nome dele na lista de procurados ocorre depois de as autoridades locais não o encontrarem em casa durante uma ação policial.

Oleg Navalny é acusado de violar os termos de sua sentença suspensa aplicada em agosto de 2021, bem como de desrespeitar os protocolos sanitários do país ao promover protestos contra o governo e contra a prisão do irmão.

Oleg Navalny e o advogado dele, Nikos Paraskevov (Foto: reprodução/Instagram)

No dia 6 de agosto de 2021, a Justiça russa havia condenado Oleg por convocar protestos contra o governo local em janeiro do mesmo ano, quando foi detido pela polícia. Na sentença, o tribunal alegou que ele infringiu as regras de combate à Covid-19 ao convocar a manifestação.

No período da pena suspensa, o acusado fica proibido de sair de casa à noite, de comparecer a manifestações e de viajar para fora da região. Ele ainda precisa se apresentar às autoridades três vezes ao mês. O desrespeito a essa regras levou ao pedido de prisão desta terça (25).

Por que isso importa?

Alexei Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua fundação, a FBK, de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.

Em agosto do ano passado, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que poder ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Ele foi acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da FBK que ele criou.

Já em setembro de 2021, uma terceira acusação, por “extremismo”, ameaça estender o encarceramento por até uma década, sendo mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.

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