Kremlin reconhece oficialmente a invasão da Ucrânia como uma ‘guerra’

Moscou se referia à agressão como 'operação militar especial', mas mudou de tom sob o argumento de que Kiev recebe apoio ocidental

Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, admitiu que a Rússia está oficialmente em “estado de guerra” com a Ucrânia. Em entrevista publicada no jornal russo pró-Kremlin Argumenty i Fakty nesta sexta-feira (22), Peskov destacou que o conflito evoluiu para uma guerra devido à interferência ocidental e ao apoio coletivo a Kiev. As informações são da rede Radio Free Europe.

“Estamos em estado de guerra. Sim, isto começou como uma operação militar especial, mas assim que este grupo se formou, quando o Ocidente coletivo se tornou um participante do lado da Ucrânia, para nós isto se tornou uma guerra“, declarou.

Ele enfatizou a necessidade de compreender a gravidade da situação para fortalecer a unidade interna. Desde o início da invasão em fevereiro de 2022, o Kremlin evitou rotular o conflito como guerra, preferindo usar o termo “operação militar especial”.

Dmitry Peskov (Foto: WikiCommons)

O Kremlin, em uma escalada de medidas, aprovou leis na Duma, a câmara baixa do parlamento russo, equivalente à Câmara dos Deputados em outros sistemas parlamentares, que proíbem o uso do termo “guerra” para descrever o conflito, resultando em multas e prisões para quem desafia essa restrição, acusados de desacreditar as forças russas e divulgar informações “falsas”.

Peskov também enfatizou a necessidade de “liberar” completamente as “novas regiões”, Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhya, áreas da Ucrânia anexadas ilegalmente durante o conflito, sob pretexto de proteger os residentes e recuperar o território. Embora Moscou reivindique essas regiões como parte da Rússia, seu controle sobre elas permanece parcial.

Após dar o nome adequado ao conflito, a Rússia intensificou os ataques na Ucrânia nesta sexta, mirando setores da rede elétrica em diferentes áreas do país. As ofensivas, realizadas com drones e mísseis, foram em parte interceptados pelas forças ucranianas. Em retaliação, as forças ucranianas bombardearam a cidade russa de Belgorod, próxima à fronteira, atingindo estabelecimentos médicos e residências, de acordo com autoridades locais.

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