Lavrov gera indignação ao comparar o isolamento global da Rússia ao Holocausto

Ministro diz que Ocidente busca uma "solução final para a questão russa", citando o plano de Hitler para o extermínio judeu

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, voltou a causar indignação global na quarta-feira (18) ao comparar o atual isolamento de seu país, fruto da agressão de desencadeou a guerra na Ucrânia, ao Holocausto. As informações são da agência Reuters.

“Assim como Hitler queria uma ‘solução final’ para a questão judaica, agora, se você ler os políticos ocidentais, eles dizem claramente que a Rússia deve sofrer uma derrota estratégica”, disse o chefe da diplomacia russa. Ele alegou que os países ocidentais “estão travando uma guerra contra nosso país com a mesma tarefa: a ‘solução final’ para a questão russa”.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, (Foto: ONU/Flickr)

Lavrov referiu-se ao plano de Hitler que levou ao Holocausto, com o genocídio de cerca de seis milhões de judeus, bem como de representantes de outras minorias.

Esta não foi a primeira polêmica sobre o tema gerada por Lavrov. Em maio do ano passado, ao justificar as ações russas na Ucrânia, ele afirmou que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que é judeu, apoia o nazismo. E completou: “E daí se Zelensky é judeu? Bem, acho que Hitler também tinha origens judaicas, então isso não significa nada”.

A manifestação desta quarta gerou reprimendas de todos os lados. “Nossa primeira reação é: como ele ousa comparar qualquer coisa com o Holocausto? Qualquer coisa. Muito menos uma guerra que eles começaram”, disse o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, segundo o site The Hill. “É quase tão absurdo que não vale a pena responder”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel também condenou a fala do russo. “Qualquer comparação ou relação dos acontecimentos atuais com o plano de Solução Final de Hitler para o extermínio do povo judeu distorce a verdade histórica, profana a memória dos que pereceram e dos sobreviventes e deve ser veementemente rejeitada”, disse a pasta, segundo o jornal The Times of Israel.

O embaixador da Alemanha em Israel foi outro que se pronunciou. “A lição histórica a ser extraída aqui é: os crimes de guerra da Rússia na Ucrânia não serão esquecidos nem ficarão impunes”, disse o embaixador Steffen Seibert.

Já a embaixada francesa classificou as palavras como “ultrajantes e vergonhosas” e afirmou que “a primeira e única ‘Solução Final’ deixou uma cicatriz indescritível na história da humanidade”.

As palavras de Lavrov aumentam o distanciamento entre Israel e Rússia, que até o início da guerra mantinham uma relação amistosa. A crise atingiu o ápice em julho de 2022, quando Moscou solicitou o fechamento da filial russa da Sohnut (Agência Judaica para Israel), uma organização sem fins lucrativos que processa a imigração de judeus para Israel.

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