O governo da Lituânia pediu ajuda à União Europeia (UE) devido ao que classificou como “sanções não anunciadas” por parte da China, em meio à uma crise diplomática que tem como pano de fundo a reivindicação de independência de Taiwan. As informações são da agência catari al Jazeera.
Nos últimos dias, empresas lituanas infirmaram que alguns de seus produtos foram proibidos de entrar nos portos chineses, o que levou o ministro das Relações Exteriores, Gabrielius Landsbergis, a buscar assistência da Comissão Europeia. Ele destacou que é “sem precedentes um Estado-Membro da UE ser parcialmente sancionado”.
O bloqueio tem atingido sobretudo produtos florestais e móveis, retidos nos portos chineses depois de a Lituânia ser excluída do sistema de declarações alfandegárias eletrônicas da China. Vilnius alega que não recebeu nenhuma comunicação oficial prévia sobre a questão da parte de Beijing e que, assim, foi pega de surpresa pela sanção.
“Fomos informados de que as remessas da Lituânia não estão sendo liberadas pela alfândega chinesa e os pedidos de importação estão sendo rejeitados”, disse Nabila Massrali, porta-voz da Comissão Europeia.
Apesar do protesto diplomático, o governo lituano afirma que o veto não tem maiores implicações na economia local, vez que menos de 1% das exportações da Lituânia vão para a China, segundo o ministro das Finanças, Gintare Skaiste.
Por que isso importa?
Relações exteriores que tratem Taiwan como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como território chinês. A questão da Lituânia se enquadra nesse cenário, depois de Vilnius anunciar a instalação de um departamento de representação chamado “Escritório de Representação de Taiwan”, que funciona como uma embaixada de fato do país asiático.
Após o anúncio, as tensões escalaram em agosto, quando a China anunciou que havia decidido chamar de volta seu embaixador na Lituânia, exigindo que o governo lituano fizesse o mesmo. Em novembro, Beijing aumentou a pressão sobre a Lituânia ao rebaixar oficialmente as relações diplomáticas com o país báltico.
Diante da aproximação do governo taiwanês com o Ocidente, em especial os Estados Unidos e Estados-Membros da UE, a China endureceu sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado, e as tensões geopolíticas escalam com rapidez na região.
Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, enquanto Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.
O embate, porém, pode não terminar em confronto militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site norte-americano Business Insider.
O documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o relatório do Pentágono.
Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação.