Mais de 6,7 mil civis foram mortos na guerra em curso na Ucrânia, segundo dados da ONU

Além das vítimas fatais, dados indicam mais de 10 mil pessoas feridas no conflito, a maioria atingida por armas explosivas

O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou na segunda-feira (12) dados atualizados sobre as vítimas da guerra na Ucrânia. Desde a invasão do país por tropas da Rússia, no dia 24 de fevereiro, foram registradas 6.755 mortes entre civis no conflito.

Entre os mortos estão 2.656 homens, 1.804 mulheres, 174 meninas e 212 meninos, além de 38 crianças e 1.871 adultos cujo sexo não foi possível identificar. O levantamento aponta ainda 10.607 civis feridos. A maior parte das vítimas fatais, 3.528, foi registrada em territórios ainda sob o domínio de Kiev, enquanto 477 mortos ocorreram em áreas controladas por Moscou.

Desde março, quando a guerra ganhou corpo e se espalhou por toda a Ucrânia, o gráfico mostra uma redução gradual nas mortes de civis. O mês mais violento foi março, com 3.338 mortes, seguido por abril, com 703. Em novembro foram registradas 162 vítimas fatais.

Cemitério na cidade de Bucha tem os corpos de vítimas da guerra (Foto: Diego Ibarra Sánchez/Unicef)

“A maioria das baixas civis registradas foi causada pelo uso de armas explosivas com efeitos de ampla área, incluindo bombardeios de artilharia pesada, sistemas de lançamento múltiplo de foguetes, mísseis e ataques aéreos”, diz o relatório da ONU.

Entretanto, o ACNUDH afirma que os números apresentados não refletem a realidade, que tende a ser bem mais dramática devido à subnotificação. “O recebimento de informações de alguns locais onde intensas hostilidades estão ocorrendo foi atrasado, e muitos relatórios estão pendentes de corroboração. Isso diz respeito, por exemplo, a Mariupol (região de Donetsk), Izium (região de Kharkiv), Lysychansk, Popasna e Sievierodonetsk (região de Luhansk), onde há alegações de numerosas vítimas civis”.

Ajuda humanitária

Os dados surgem no momento em que o subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários, Martin Griffiths, está na Ucrânia para uma missão de quatro dias. Ele pretende avaliar o impacto da resposta humanitária e as condições do país em meio ao aumento dos danos à infraestrutura essencial atingida pelos ataques russos.

De acordo com as Nações Unidas, quase 18 milhões de pessoas, número que corresponde a cerca de 40% da população ucraniana, precisam de ajuda humanitária. “Ondas recentes de ataques à infraestrutura de energia estão deixando milhões de pessoas sem aquecimento, água potável ou eletricidade em suas casas, durante um inverno congelante”, diz a entidade.

A ONU calcula, ainda, que 14 milhões de pessoas, ou um terço da população da Ucrânia, foram forçadas a fugir de suas casas. Cerca de 7,8 milhões deixaram o país, a maioria mulheres e crianças, e 6,5 milhões de pessoas estão deslocadas internamente.

Por que isso importa?

Andriy Kostin, procurador-geral ucraniano, afirmou no dia 19 de novembro que estão em andamento investigações a respeito de mais de 45 mil crimes de guerra atribuídos às tropas russas durante o conflito. Os números de vítimas fatais divulgados por ele há cerca de um mês são maiores que os da ONU: 8.311 mortes de civis, sendo 437 crianças.

Inclusive, há dezenas de casos de violação do direito internacional já levados aos tribunais da Ucrânia, com uma sentença emitida: a do soldado russo Vadim Shishimarin, primeiro militar a enfrentar um processo do gênero. Ele foi condenado à prisão perpétua em maio, por matar um civil desarmado no dia 28 de fevereiro. 

As investigações de crimes de guerra conduzidas por Kiev contam com o suporte ocidental, que ajuda a financiar os esforços do governo ucraniano e também tem suas próprias equipes em ação.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse também em novembro que a União Europeia (UE) tem planos de criar um tribunal especializado, apoiado pela ONU (Organização das Nações Unidas), para investigar e processar possíveis atrocidades cometidas pelas forças russas no país invadido.

Um grupo de especialistas em direitos humanos designados pela ONU constatou que crimes de guerra de fato foram cometidos na Ucrânia desde o início do conflito na Europa, no dia 24 de fevereiro. As evidências coletadas podem ser usadas por cortes internacionais, como o Tribunal Penal Internacional (TPI), para julgar futuros casos de crimes de guerra.

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