Negação a resultados eleitorais nos EUA põe democracias europeias em risco

Negação a resultados eleitorais, como Trump nos EUA, é terreno fértil para golpes, alertou vice-diretora de conselho da UE

A recusa de Donald Trump de aceitar os resultados eleitorais dos EUA, após pleito realizado em novembro, abre precedentes perigosos às fragmentadas democracias europeias. O alerta é da vice-diretora do Conselho Europeu de Relações Exteriores, Joanna Hosa.

Conforme Hosa, Trump soma admiradores em países do Leste Europeu, incluindo membros da União Europeia. Um deles é o primeiro-ministro da Eslovênia, Janez Jansa, um dos primeiros a fazer coro às acusações de fraude do republicano.

Um apoio menos formal veio da Polônia e Hungria – países que semeiam o impasse na UE ao discordar das penalidades às nações alheias ao Estado de direito.

Mesmo com o anúncio da vitória de Joe Biden, o presidente polonês Andrzej Duda afirmou que “tudo ainda poderia acontecer”. Já seu aliado na extrema-direita, Viktor Orbán, parabenizou o democrata pela campanha – mas não pela vitória.

Negação de resultados eleitorais nos EUA coloca democracias europeias em risco
Igor Dodon (esq.) e o primeiro-ministro da Moldávia, Pavel Filip, em pronunciamento em setembro de 2020 (Foto: Governo da Moldávia)

Recusa é terreno fértil para golpes

Apesar de insatisfeitos, é comum que os adversários parabenizem o vitorioso em eleições democráticas. O apoio às acusações de Trump e sua negação sobre a derrota nos EUA, no entanto, “minam a pedra angular da democracia”, disse Hosa.

“Eles estão preparando seus apoiadores para rejeitar o resultado de qualquer eleição que possam perder”, escreveu. Hosa cita a Moldávia, que elegeu a economista Maia Sandu em detrimento de Igor Dodon, apoiado pelo Kremlin.

O embarque do partido governante da Polônia, PiS (Lei e Justiça, em polonês), neste discurso é a prova de que a sigla teme a derrota nas próximas eleições, marcadas para 2023.

“Neste mundo de pernas para o ar, em que autoritários acusam democratas de roubar eleições, a UE tem um papel crucial a desempenhar”, defendeu Hosa.

“O bloco deve enfatizar que nunca comprometerá a integridade das eleições nos Estados membros. Caso contrário, o vírus da não concessão pode se espalhar, pondo em risco as democracias em toda a Europa”.

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