Polônia anuncia mais um caso, e total de espiões russos detidos no país chega a 15

Varsóvia alega que o homem, nascido na Ucrânia, tinha a missão de vigiar instalações militares e portos marítimos poloneses

A Polônia revelou na segunda-feira (10) que mais um espião russo foi preso no país, o segundo em um intervalo de dez dias. Mariusz Kaminski, ministro do Interior, usou o Twitter para fazer o anúncio, dizendo que o total de supostos agentes russos de inteligência detidos no país já chega a 15.

“A Agência de Segurança Interna deteve outro membro da rede de espionagem que trabalha para a inteligência russa. O suspeito manteve a vigilância de instalações militares e portos marítimos. Ele foi sistematicamente recompensado pelos russos. Esta é a 15ª pessoa detida nesta investigação. Protegemos eficazmente a Polônia”, disse Kaminski no post.

De acordo com a agência Anadolu, o espião foi identificado como um cidadão ucraniano que vivia na Polônia desde 2019 e servia à inteligência da Rússia. Ele está preso e será julgado, com a possibilidade de pegar até dez anos de prisão.

A Polônia tem se tornado mais atraente para os serviços de inteligência russos porque é hoje um dos mais importantes aliados da Ucrânia na guerra, bem como membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O caso mais recente guarda algumas semelhanças com outros revelados anteriormente, nos quais os agentes russos detidos também tinham a missão de identificar infraestrutura crítica ou instalações militares polonesas e repassar os dados a Moscou.

Sede do governo de Varsóvia, capital da Polônia (Foto: Adrian Grycuk/Wikimedia Commons)

No dia 30 de junho, Varsóvia deteve um atleta russo, jogador profissional de hóquei no gelo, igualmente acusado de espionagem. Vivendo na Polônia desde 2021, ele tinha a missão de identificar infraestrutura crítica e repassar informações a Moscou em troca de dinheiro.

Antes disso, em março, o governo polonês havia anunciado a prisão de nove membros de uma quadrilha de espionagem russa que estaria supostamente coletando informações sobre rotas de transporte no país. Seis membros do grupo foram acusadas de planejar atos de sabotagem e espionagem.

Na ocasião, as forças de segurança da Polônia encontraram câmeras, equipamentos eletrônicos e transmissores de GPS que supostamente seriam escondidos em remessas enviadas como ajuda à Ucrânia.

Em fevereiro, a Justiça polonesa havia acusado outro cidadão russo residente no país de praticar espionagem para Moscou durante vários anos. Ele teria coletado informações sobre a estrutura das unidades militares polonesas para o Kremlin.

Combate à espionagem russa

As atividades de espionagem russas na Europa sofreram um duro golpe nos últimos anos. Episódios como o envenenamento do ex-agente russo Sergei Skripal, no Reino Unido, levaram as nações do continente a fecharem o cerco contra Moscou, repressão que aumentou ainda mais com a guerra na Ucrânia.

Nos últimos anos, centenas de diplomatas russos foram expulsos de países europeus sob a acusação de que vinham atuando como espiões disfarçados. Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica, calculou em novembro do ano passado que mais de 600 russos foram obrigados a deixar países europeus nessas condições.

“Isso foi o golpe estratégico mais significativo contra os serviços de inteligência russos na história recente da Europa”, disse McCallum na ocasião. “E, junto com ondas coordenadas de sanções, a escalada pegou (o presidente russo Vladimir) Putin de surpresa.”

Somente no Reino Unido, mais de cem pedidos de vistos diplomáticos feitos por Moscou foram rejeitados desde 2018, quando o Skripal e a filha dele, Yulia, foram envenenados em Salisbury, sul da Inglaterra. A inteligência russa foi acusada de coordenar a ação, embora Moscou até hoje negue envolvimento.

assassinato do homem (a filha sobreviveu) comprometeu as relações diplomáticas entre os governos britânico e russo e levou à primeira onda de expulsões de diplomatas suspeitos de atuarem como espiões. De lá para cá, diversos países europeus também detectaram membros do corpo diplomático russo que exerciam atividades incompatíveis com suas funções e igualmente os forçaram a ir embora.

Outro país que iniciou uma dura campanha de combate à espionagem russa foi a Alemanha, que no ano passado registrou um aumento considerável das atividades de inteligência de Moscou no país. Nesse sentido, relatório divulgado pelo Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), o serviço de inteligência doméstico, destaca as campanhas de desinformação como principal arma russa em solo alemão, embora atos de sabotagem também estejam em alta.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco e ajuda a explicar o interesse de Moscou pelo país. De acordo com Thomas Haldenwang, que chefia o BfV, há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas.

Nos últimos anos, para conter o problema, o governo alemão também expulsou dezenas de supostos diplomata russos acusados de atuarem como espiões disfarçados. No final de maio deste ano, Berlim ainda anunciou que quatro dos cinco consulados da Rússia no país teriam suas licenças revogadas, sendo, portanto, fechados.

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