A renúncia repentina do agora ex-presidente do Kosovo, Hashim Thaci, nesta quinta (5), é o primeiro capítulo de um longo julgamento do político na Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda.
Thaci, que já está sob custódia do tribunal, deve enfrentar a primeira audiência de acusação na próxima segunda-feira (9). A sessão está prevista para começar às 15h (11h no horário de Brasília), informou a Reuters.
Promotores afirmam que o político assassinou cerca de 100 civis quando era líder de tropas do Kosovo que pediam independência à Sérvia, entre 1998 e 1999. O tribunal também acusa Thaci de chefiar um grupo de perseguição a oponentes, que praticou sequestros e tortura.
Estima-se que mais de 13 mil pessoas morreram no conflito, e 1,6 mil seguem desaparecidos. O Kosovo declarou sua independência em 2008, dez anos após a disputa, e possui o reconhecimento dos EUA e da União Europeia. Sérvia e Rússia não admitem a separação.
Ao todo são dez acusações de crimes contra a humanidade e de guerra contra o líder kosovar. O ex-presidente negou as acusações e afirmou que renunciaria ao mandato caso fossem confirmadas, como ocorreu nesta quinta (5).
Antes de deixar o cargo, o político afirmou que sua saída previa “proteger o gabinete da Presidência”, registrou o jornal norte-americano “The New York Times”. Em seu lugar assumiu o presidente do Parlamento, Vjosa Osmani.
Conhecido como herói de guerra e um dos pilares da política do Kosovo, Thaci foi eleito presidente em 2016, após oito anos como primeiro-ministro.