Protestos na Geórgia levam milhares às ruas contra proposta de ‘Lei Russa’

Medida criada para enfrentar a “interferência estrangeira”, que inclui organizações de mídia e sem fins lucrativos, provocou uma onda de manifestações em Tbilisi

Na segunda-feira (8), milhares de georgianos tomaram as ruas da capital, Tbilisi, em um protesto expressivo contra uma nova lei que, segundo a opinião pública, ecoa as políticas repressivas adotadas na Rússia. As informações são do site Politico.

O partido no poder na Geórgia, o Georgian Dream (Sonho Georgiano), revisou uma lei controversa que proibia a presença de “agentes estrangeiros” no país, medida que foi revogada há um ano devido à pressão pública e uma condenação internacional.

A nova legislação agora requer que organizações de mídia e sem fins lucrativos se registrem como “agentes estrangeiros” se mais de 20% de seus recursos financeiros vierem do exterior.

Os manifestantes se reuniram em frente ao prédio do parlamento para mostrar repúdio às propostas controversas do governo, segurando cartazes que comparavam o governo local ao presidente russo, Vladimir Putin. Alguns erguiam bandeiras da União Europeia (UE) e tocavam buzinas. Vídeos nas redes sociais mostraram a presença de forças policiais em meio aos atos.

Prédio do Parlamento georgiano (Foto: WikiCommons)

Os atos foram uma reação aos legisladores da Geórgia, que haviam apresentado mais cedo no mesmo dia um projeto de lei polêmico conhecido como “lei do agente estrangeiro” durante uma sessão parlamentar. Esse projeto visa a intensificar as regulamentações sobre o financiamento de organizações da sociedade civil. A medida foi aprovado em sua primeira fase e agora será revisada por uma comissão parlamentar nas próximas semanas.

Relatos indicam que alguns jornalistas que tentavam cobrir os acontecimentos foram impedidos de ter acesso ao processo.

A lei, que é parecida com uma usada na Rússia para marcar negativamente a mídia e organizações independentes, foi criticada tanto em Bruxelas quanto em Washington.

O partido Georgian Dream é muitas vezes criticado por ser pró-Rússia, mas há um debate contínuo no pais sobre se essa crítica é justa.

A presidente do país, Salome Zourabichvili, é fortemente contra o projeto. Ela falou em um protesto que a lei representa uma escolha “entre ser independente ou ser controlado”, “escolhendo a Europa ou a Rússia”, segundo o Euronews.

Influência agressiva

A Rússia tem buscado ampliar sua influência na Geórgia, um país fronteiriço que o governo de Putin vê como parte de sua esfera de influência legítima.

Em 2008, Moscou invadiu duas regiões separatistas da Geórgia. A guerra, teve início quando as tropas georgianas tentaram recuperar, sem sucesso, o controle da província separatista da Ossétia do Sul. A Rússia enviou unidades que derrotaram os militares da Geórgia em cinco dias de combate. Desde então, o Kremlin reconhece o território como um Estado independente e montou bases militares lá.

A invasão da Abecásia e da Ossétia do Sul, que vive na esfera de influência pós-soviética, ocasionou o ponto mais baixo das relações entre Moscou e Tbilisi desde o fim da URRS, em 1991.

A Abecásia demanda independência e é apoiada pelos russos, enquanto a Ossétia do Sul pleiteia união com a porção norte do território, há 30 anos parte da Federação Russa.

Muitos georgianos sentem que possuem uma dívida histórica com os ucranianos e acreditam que precisam retribuir o favor pelo apoio na guerra na Abecásia há 30 anos.

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