Putin autoriza Rússia a apreender ativos de empresas estrangeiras de países hostis

A finlandesa Fortum, que controla uma série de usinas termelétricas russas, diz estar sob gestão de um CEO nomeado pelo Kremlin

Um decreto assinado na terça-feira (25) pelo presidente Vladimir Putin autoriza a Rússia a assumir o controle temporário dos ativos russos de empresas estrangeiras sediadas em países considerados hostis. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

Entre os alvos do decreto do presidente estão gigante alemã de energia Uniper e a finlandesa Fortum, cujas ações já haviam sido adquiridas por Moscou. Juntas, as duas companhias controlam uma dezena de usinas termelétricas em todo o país, entre elas a maior usina a gás russa, a Surgut-2.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em outubro de 2020 (Foto: Wikimedia Commons)

A Fortum disse, em comunicado divulgado na quarta-feira (26), que o governo russo já agiu, colocando um gestor indicado pelo Kremlin no comando. Diz o texto que a “considera a nomeação do novo CEO como uma confirmação de que o novo decreto presidencial está sendo promulgado e a subsidiária da Fortum foi colocada sob gestão temporária de ativos”.

A medida é uma retaliação de Moscou ao congelamento de bens russos por governos ocidentais, fruto da agressão que desencadeou a guerra na Ucrânia. Mais de US$ 350 bilhões em bens estatais e privados foram bloqueados ou apreendidos pelos EUA e seus aliados desde o início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022.

No decreto assinado por Putin, a apreensão de bens é descrita como uma “ação urgente em resposta às ações hostis e contrárias ao direito internacional dos Estados Unidos e seus associados estrangeiros”. Os bens apreendidos serão geridos pela Rosimushchestvo, agência federal de administração de propriedade estatal.

Embora o texto legal liste quais empresas estão à disposição do Estado, as que foram poupadas não estão livres. “Se necessário, a lista de empresas pode ser ampliada. O objetivo do decreto é criar um fundo de compensação para a possível adoção de medidas retaliatórias contra a expropriação ilegal de ativos russos no exterior”, disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.

Demandada ocidental

A presença de empresas ocidentais na Rússia caiu drasticamente desde a invasão das tropas de Putin à Ucrânia. Mais de mil companhias deixaram de operar em território russo após 24 de fevereiro de 2022, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.

A decisão de deixar o país foi uma forma de as empresas respeitarem as sanções ocidentais, mas também serviu como precaução contra uma eventual reação negativa da opinião pública caso continuassem a lucrar com os consumidores russos.

A debandada prejudica a população local, privada de produtos de setores diversos, como alimentação, entretenimento, tecnologia e vestuário.

Na lista de empresas que deixaram a Rússia estão as redes de lanchonetes McDonald’s e KFC, as empresas de tecnologia Apple, Samsung e Microsoft, as operadoras de cartões de crédito MastercardVisa, as marcas de roupas e calçados Nike e Adidas e as gigantes do entretenimento Netflix, Warner, Disney e Sony.

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