Rússia adiciona membros do grupo Pussy Riot à relação de ‘agentes estrangeiros’

Mais cinco pessoas foram adicionadas à lista na semana passada, incluindo a jornalista Taissiya Bekbulatova e o colecionador de arte Marat Gelman

Na quinta-feira (30), a Justiça russa adicionou Nadezhda Tolokonnikova, integrante do grupo feminista Pussy Riot, e o escritor satírico e crítico do governo Viktor Shenderovich à lista de “agentes estrangeiros”. A relação de pessoas listadas, algo que remete à obscura era soviética, saltou de 17 para 111 nomes de 2020 até aqui, informa a revista The Wire.

Shenderovich é um dos satíricos mais importantes da Rússia, conhecido por roteirizar um show de marionetes de caricatura política transmitido na televisão russa entre os anos 1990 e o início dos anos 2000.

Nadezhda Tolokonnikova (à direita) e Nika Nikulshi, integrantes do Pussy Riot (Foto: Twitter/Reprodução)

Já Tolokonnikova está entre as fundadoras do Pussy Riot, que ganhou notoriedade por uma série de performances provocantes que incluem protestos contra os líderes russos na Igreja Ortodoxa. Ela também é membro-fundador do veículo jornalístico independente Mediazona, igualmente taxado pelo Kremlin como “agente estrangeiro” no mês de setembro. Sua colega Nika Nikulshi também foi listada pelo “ingrato” rol.

Pela conta oficial no Twitter, o grupo reagiu ao anúncio dizendo que irá recorrer no tribunal e que “a Rússia será livre”.

Outras cinco pessoas foram adicionadas à atualização da lista na semana passada, incluindo a jornalista Taissiya Bekbulatova e o colecionador de arte Marat Gelman.

Por que isso importa?

Organizações não-governamentais, veículos de imprensa e os colaboradores de ambos têm sido alvo de uma dura repressão do governo Putin, com o respaldo da Justiça do país. A perseguição se escora na “lei do agente estrangeiro”, que foi aprovada em 2012 e modificada diversas vezes, dando às autoridades o poder de acessar todas as informações privadas das instituições e indivíduos listados como “agentes estrangeiros”.

A designação também carrega conotações negativas da era soviética e serve para rotular o que seriam organizações envolvidas em atividades políticas financiadas pelo exterior. A classificação acaba por afastar potenciais parceiros comerciais e anunciantes, muitas vezes sufocando financeiramente as instituições rotuladas.

Órgãos e indivíduos listados e que não atendam às exigências impostas pela lei podem pegar pena de até dois anos de prisão, de acordo com o código penal russo, e as organizações correm o risco de serem proibidas de funcionar. Tal sistema repressivo tem sido a principal arma do Kremlin para calar os críticos, levando a ordens de prisão, casos de exílio forçado e ao fechamento de entidades.

Muitos jornalistas ligados ao oposicionista Alexei Navalny, atualmente preso em Moscou, tiveram suas casas invadidas pela polícia sob ordens de busca e apreensão e também foram adicionados à lista de “agentes estrangeiros”. O advogado Ivan Pavlov foi o mais recente partidário de Navalny a deixar a Rússia em consequência da repressão do Estado escorada na legislação

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