Cantora ucraniana Jamala é adicionada à lista de procurados pela Rússia

O Ministério do Interior não especificou as acusações criminais das quais a vencedora do Eurovision 2016 é acusada

A cantora ucraniana Jamala, conhecida por abordar questões relacionadas à sua herança tártara e às complexidades políticas da região da Crimeia em suas músicas e declarações públicas, foi colocada na lista federal de procurados de Moscou por acusações criminais não especificadas, conforme relatado por agências estatais russas nesta segunda-feira (20).

O nome e a foto da artista agora constam no banco de dados do Ministério do Interior, segundo informações do site The Moscow Times.

Em 2016, Jamala ganhou o Eurovision – um dos concursos internacionais de música mais antigos e populares do mundo – com a música ‘1944‘, que aborda a deportação dos tártaros da Crimeia durante o regime de Josef Stalin, fazendo alusão às repressões mais contemporâneas do grupo étnico turco-mongol sob o domínio russo.

Ao longo da carreira, Jamala tem expressado sua preocupação com a preservação da cultura tártara (Foto: WikiCommons)

Os tártaros são uma população muçulmana que vive na Crimeia, península anexada à força por Moscou em março de 2014. A anexação ocorreu após a deposição do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, apoiado pelo Kremlin, e um consequente plebiscito que aprovou a anexação pela Rússia. Desde a anexação, considerada ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), instituições de direitos humanos denunciam a resposta agressiva da Rússia aos ativistas e civis da região.

Jamala, proibida de retornar à Crimeia devido à repressão, lançou recentemente um álbum dedicado à preservação da música tradicional tártara ameaçada na região. Além disso, a artista tem atuado ativamente para destacar a guerra na Ucrânia internacionalmente.

Em uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, antes de uma viagem aos EUA em 2022, Jamala declarou: “Não importa onde eu esteja, a primeira prioridade para mim é lembrar que estrangeiros vieram à minha casa para matar e mutilar vidas, destruir e reescrever minha cultura.”

Ela enfatizou a necessidade de deter o mal e levar os responsáveis à justiça pelos crimes ocorridos em 1944, 2014 e no presente.

Após as notícias das acusações criminais, a cantora fez uma postagem no Instagram exibindo uma foto sua em frente à Ópera de Sydney, com a manchete do artigo sobre o caso e um emoji no rosto.

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