A Ucrânia alega ter registrado, até o final de julho, mais de cem mil crimes de guerra cometidos pelas forças de ocupação da Rússia desde o início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022. Entre eles, casos de tortura e abuso sexual, denúncia reforçada nesta semana por uma equipe de analista internacionais. As informações são da agência Reuters.
A Equipe de Justiça Móvel, ligada à organização sem fins lucrativos Global Rights Compliance, vem trabalhando junto de promotores de justiça ucranianos na cidade de Kherson, que desde novembro voltou ao controle de Kiev após ter sido ocupada pelas forças de Moscou.
O grupo, que é financiado por Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE), avaliou 320 dos mais de cem mil casos listados por Kiev.
Segundo relatório dos especialistas, que ouviram testemunhas em 35 áreas diferentes de Kherson, 43% das pessoas consultadas “mencionaram explicitamente as práticas de tortura nos centros de detenção, citando a violência sexual como uma tática comum imposta a eles pelos guardas russos.”
As denúncias de tortura e abuso sexual são antigas e vêm se acumulando com o desenrolar da guerra. Em setembro do ano passado, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que suas forças armadas encontraram diversas “câmaras de tortura” em regiões reconquistadas.
Kherson foi particularmente citada em novembro por autoridades ucranianas, que então reforçaram a alegação de que “câmaras de tortura” eram usadas pelos russos contra a população local. Kiev disse na ocasião que encontrou 63 corpos com sinais de tortura quando reconquistou na cidade.
Teriam sido identificados pelos ucranianos 11 centros usados pela Rússia para detenção de presos, sendo que em ao menos quatro deles há sinais da prática de tortura.
De acordo com o governo ucraniano, foram registrados entre 24 de fevereiro de 2022 e 31 de julho de 2023 100.870 crimes de guerra cometidos pelas forças de ocupação. Entre as mais de 25 mil vítimas da guerra estão 9.287 civis que teriam sido mortos, inclusive 498 crianças.
Kiev, que registra todos esses dados em um site aberto ao público, diz que os números reais tendem a ser ainda maiores, vez que muitas regiões do país ou seguem sob ocupação russa ou com confrontos em andamento, inviabilizando o aceso das autoridades.