As Forças Armadas da Rússia formaram grupos de assalto compostos por soldados feridos que são os enviado de volta ao combate mesmo com pouca mobilidade. A informação consta de um relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido na rede social X.
A avaliação britânica sugere que militares russos estão retornando ao campo de batalha antes de completarem o tratamento médico, em uma tentativa de aliviar a pressão sobre o sistema de saúde militar. “É altamente provável que soldados russos feridos estejam sendo enviados de volta às operações na Ucrânia com ferimentos não cicatrizados, muitas vezes de muletas”, afirmou o ministério em sua atualização diária de inteligência.
Latest Defence intelligence update on the situation in Ukraine – 02 February 2025.
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) February 2, 2025
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De acordo com a revista Newsweek, vídeos amplamente compartilhados reforçam a alegação, mostrando militares russos em muletas marchando em direção à linha de frente. Pelo menos uma dessas gravações teria sido atribuída ao 20º Exército de Armas Combinadas de Moscou.
Fontes abertas indicam que esses combatentes estão sendo incorporados a unidades de assalto compostas por soldados ainda em recuperação, apontou o governo britânico. A estratégia reforça a preocupação sobre as táticas de combate russas, conhecidas por seu alto custo humano.
Dados do Estado-Maior ucraniano, publicados na segunda-feira (5), apontam que a Rússia já sofreu mais de 830 mil baixas desde o início da guerra. Estimativas ocidentais indicam números um pouco menores, mas ainda assim compatíveis com os valores divulgados por Kiev.
Desde o início da invasão em fevereiro de 2022, Moscou e Kiev têm enfrentado dificuldades para manter seus efetivos no campo de batalha. A Rússia, com uma população significativamente maior, tem recorrido a ofensivas baseadas na infantaria, que frequentemente resultam em grandes baixas.

De acordo com o governo britânico, mais de 400 mil militares russos feridos já precisaram de atendimento médico longe das linhas de combate. Porém, muitos deles teriam sido forçados a retornar a suas unidades após serem liberados prematuramente dos hospitais de campanha, por ordens de seus comandantes.
“Há uma possibilidade realista de que os comandantes russos estejam direcionando essa atividade para reter pessoal que, de outra forma, ficaria perdido no sobrecarregado sistema médico.”, afirmou o Ministério da Defesa do Reino Unido.
Denúncia antiga
A denúncia de que soldados gravemente feridos são enviados de volta ao campo de batalhas não é nova. O Ministério da Defesa do Reino Unido (MOD, na sigla em inglês) disse em dezembro de 2023 que membros das unidades russas Tempestade-Z tenham sido forçados a lutar com ferimentos não curados e mesmo após amputações de membros.
As Tempestade-Z são destacamentos de segunda linha compostos por soldados que enfrentam condições ainda mais severas do que os demais. A letra Z, usada como símbolo da guerra pela Rússia, é combinada com o termo “tempestade”, que remete às tropas de assalto que assumem as missões mais arriscadas. Esses pelotões incluem criminosos que trocaram penas por serviço militar, militares indisciplinados ou que cometeram atos de insubordinação e frequentemente ex-presos, que enfrentam ainda mais dificuldades por falta de documentação para acessar hospitais militares.
O descaso com as Tempestade-Z se reflete nas condições precárias enfrentadas por seus integrantes, que frequentemente carecem de munição, comida, água e atendimento médico. Relatos de que combatentes do Wagner Group e de milícias de Donetsk receberam pouco ou nenhum tratamento médico foram corroborados pelo MOD, que também apontou que familiares de membros dessas unidades frequentemente denunciam o não pagamento dos salários prometidos.