Rússia intensifica ataques e eleva o número de baixas entre civis na Ucrânia, segundo a ONU

Missão de Monitoramento afirma que 592 civis foram mortos ou feridos na guerra em dezembro de 2022, com outros 86 mortos em janeiro

Ao menos 592 civis foram mortos ou feridos na guerra da Ucrânia em dezembro de 2022, um aumento de 26,5% em relação ao mês anterior. Os números foram divulgados na terça-feira (16) pela Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia (HRMMU, na sigla em inglês), segundo a qual a tendência de violência contra os cidadãos persiste em janeiro.

“As vítimas civis diminuíram constantemente em 2023, mas a onda de ataques no final de dezembro e início de janeiro interrompeu violentamente essa tendência”, afirmou Danielle Bell, que chefia a missão de das Nações Unidas no país europeu devastado pela guerra.

De acordo com a HRMMU, os ataques russos se intensificaram em 29 de dezembro e desde então não houve um relaxamento. Outro dia bastante violento foi 2 de janeiro, mas a Missão ressalta que todo o período a partir do final de 2023 tem sido especialmente perigoso para os civis.

“Os ataques com mísseis e drones mataram civis em todo o país também em outros dias”, diz a entidade.

Cova na cidade de Bucha, palco de crimes de guerra russos na Ucrânia (Foto: Diego Ibarra Sánchez/Unicef)

No dia 6 de janeiro, por exemplo, um ataque russo à cidade de Pokrovsk e à aldeia vizinha de Rivne, relativamente próximas da linha da frente, deixou seis adultos e cinco crianças, membros de duas famílias, soterrados nos escombros quando suas casas foram atingidas. “Apesar de um esforço de resgate e recuperação que durou vários dias, alguns dos corpos ainda estão desaparecidos”, diz a ONU.

Dois dias depois, o alvo dos mísseis russos foi Novomoskovsk, onde a onda de choque gerada pelo bombardeio feriu 31 civis, incluindo oito passageiros de um micro-ônibus que foi destruído quando fazia seu trajeto matinal.

“Estes ataques semeiam a morte e a destruição dos civis ucranianos, que sofreram perdas profundas devido à invasão em grande escala da Rússia durante quase dois anos”, declarou Bell.

Diante da tal cenário, janeiro tende a manter os elevados números registrados no mês passado, com 86 civis mortos e 416 feridos somente na primeira quinzena do mês. E a ONU faz uma ressalva que já se tornou habitual nos balanços da guerra: “O aumento real é provavelmente maior, uma vez que alguns relatórios de vítimas ainda não foram verificados.”

O impacto humanitário da guerra também não para de crescer, conforme o conflito se aproxima da marca de dois anos, tendo sido iniciado pela invasão russa de 24 de fevereiro de 2022.

Os ataques russos deixaram 14,6 milhões de pessoas, o que equivale a 40% da população ucraniana, com necessidade de assistência. Mais de quatro milhões de pessoas estão deslocadas internamente, enquanto 6,3 milhões procuraram refúgio principalmente em países vizinhos.

Crimes de guerra

O governo da Ucrânia criou um site para registrar as vítimas civis e os crimes de guerra cometidos pelas forças da Rússia somente no conflito iniciado em 2022. No canal, Kiev relata que já morreram 10,2 mil civis e que outros 19,3 mil ficaram feridos, conforme dados atualizados antes da ofensiva iniciada em 11 de janeiro. Entre os mortos estão 520 crianças.

No mesmo site, o governo ucraniano alega que foram documentados 123.201 crimes de guerra cometidos pelas tropas de Moscou, com 167,2 mil edifícios civis destruídos. A ONU costuma endossar as estatística divulgadas pela Ucrânia, com seus boletins esporádicos apresentando dados semelhantes.

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