Rússia responde à UE e ameaça tratar apreensão de petroleiros como ataque ao seu território

Moscou diz que qualquer tentativa de confiscar navios será tratada como um ataque, mesmo sob bandeira estrangeira

A Rússia reagiu com ameaças de retaliação após a divulgação de que países da União Europeia (UE) consideram apreender mais petroleiros associados a Moscou no mar Báltico. Alexei Zhuravlev, vice-presidente do comitê de defesa do parlamento russo, afirmou que “qualquer ataque aos nossos transportadores pode ser considerado um ataque ao nosso território, mesmo que o navio esteja sob bandeira estrangeira”. As informações são do site Politico.

O alerta veio após a revelação de que Finlândia, Lituânia, Estônia e Letônia avaliam novos mecanismos legais para deter embarcações da chamada frota sombra russa, formada por navios antigos com proprietários e seguros de origem obscura, usados para driblar sanções ocidentais que visam reduzir a receita do petróleo russo.

Navio petroleiro russo na península de Kola, na costa do Mar de Barents (Foto: GRID-Arendal/Flickr)

O Kremlin considera o confisco desses navios uma ameaça direta aos seus interesses. Zhuravlev, que também lidera o partido nacionalista Rodina, disse que Moscou poderá adotar “medidas retaliatórias”, incluindo “abordagem de navios ocidentais no Báltico” e “ações ativas da nossa frota do Báltico, que certamente não se compara à frota de pequenos barcos dos países bálticos”.

O impacto dessas medidas preocupa a Rússia porque exportações de petróleo e gás representam quase metade da arrecadação fiscal do governo, sendo fundamentais para o financiamento da guerra na Ucrânia.

A Ucrânia, por sua vez, demonstrou apoio às propostas da UE. Andriy Yermak, chefe do gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, destacou que as iniciativas são “muito importantes agora porque cada dia de logística interrompida afeta seriamente a capacidade da Rússia de financiar a guerra”.

O debate ganhou força após a Finlândia apreender, em dezembro, um navio da frota sombra russa, suspeito de envolvimento em atos de sabotagem contra cabos submarinos no Báltico, elevando a tensão regional.

A Rússia, por sua vez, já havia adotado táticas para contornar as sanções, recorrendo a rotas alternativas e a navios com registros irregulares, o que dificultou o rastreamento de suas operações. Agora, com a possibilidade de mais apreensões, Moscou tenta intimidar os países envolvidos com ameaças diretas.

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