Suécia prende cinco acusados de ligação com grupos extremistas islâmicos

Indivíduos foram detidos em meio às investigações realizadas após a queima do Alcorão por um militante de extrema direita, o que enfureceu os muçulmanos

O governo da Suécia anunciou na quarta-feira (5) as prisões de cinco indivíduos acusados de ligação com grupos extremistas islâmicos. Uma grande operação foi realizada em três cidades do país escandinavo pelas autoridades locais para deter os suspeitos, segundo a rede Deutsche Welle (DW).

Susanna Trehorning, vice-chefe para contraterrorismo da agência de segurança interna da Suécia, diz que uma investigação vem se desenrolando desde que o político sueco-dinamarquês de extrema-direita Rasmus Paludan queimou uma cópia do Alcorão à frente da embaixada turca em Estocolmo, em janeiro.

Na ocasião, ele protestava contra a recusa da Turquia em autorizar o ingresso da Suécia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A ação revoltou a comunidade internacional e colocou o governo sueco em alerta para o risco de atentados terroristas.

O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos: pivô de tensão na Suécia (Foto: WikiCommons)

Embora so cinco homens presos nesta semana estivessem ligados ao “extremismo islâmico internacional”, nas palavras de Trehorning, as investigações indicam que um ataque não era iminente. Ela afirmou que o grupo estava apenas em “uma fase de planejamento” e que “não pensava imediatamente em fazer nada aqui e agora”.

Em comunicado, a agência de segurança justificou a ação preventiva. “O serviço de segurança muitas vezes precisa agir cedo para evitar uma ameaça. Não podemos esperar até que um crime seja cometido antes de agirmos”, diz o texto.

Em fevereiro, a Justiça sueca chegou a expedir uma ordem proibindo que novos protestos fossem realizados com a queima do Alcorão. Porém, nesta semana, a proibição foi derrubada pelo Tribunal Administrativo da Suécia. A corte alega que a liberdade de reunião e manifestação é um direito constitucional, e o risco de atentados não basta para justificar o veto.

Além de revoltar a comunidade internacional, a ação de Paludan prejudicou ainda mais os planos suecos que ingresso na Otan. Ancara segue travando o processo e exige que Estocolmo adote uma postura mais clara sobre o que os turcos consideram “terrorismo”, referindo-se à tolerância com indivíduos acusados de serem militantes de milícias curdas.

O governo da Suécia cedeu parcialmente às exigências ao anunciar, em dezembro de 2022, a extradição de Mahmut Tat, acusado de ligação com o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), grupo considerado extremista inclusive pelos EUA e a União Europeia (UE).

Conforme o desacerto entre turcos e suecos prossegue, a Finlândia, que se candidatou ao mesmo tempo, já está integrada à aliança, enquanto o caso da Suécia ainda não tem uma previsão de conclusão.

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