União Europeia promete financiar investigações de crimes de guerra cometidos por tropas russas

Especialistas internacionais e ucranianos trabalharão na apuração das alegações de crimes contra a humanidade das tropas de Putin

A União Europeia (UE) anunciou na segunda-feira (11) que irá financiar o trabalho de investigação de especialistas internacionais e ucranianos para apurar possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia pelo exército russo. As informações são do jornal La Prensa Latina.

Josep Borrell, chefe da diplomacia do bloco, disse em entrevista coletiva que a UE apoiaria os promotores do Tribunal Penal Internacional (TPI) e o procurador-geral ucraniano, tanto financeira quanto localmente, subsidiando os esforços de averiguação no país invadido.

As declarações de Borrell ocorreram logo após uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE, na qual conversaram com o promotor do TPI, Karim Khan.

Mães fogem da Ucrânia com seus filhos em meio aos bombardeios (Foto: UNICEF/Ioana iMoldovan)

O político espanhol disse aos repórteres que os ministros das Relações Exteriores da UE discutiram novas sanções a Moscou, acrescentando que nada estava “fora da mesa”, incluindo embargos ao petróleo e ao gás.

Borrell e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estiveram na sexta-feira (8) em Kiev, onde discutiram o quinto pacote de sanções contra a Rússia que vem sendo preparado pelo bloco europeu. A dupla também viajou a Bucha, onde corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas quando a cidade foi reconquistada pelas forças ucranianas, três dias após a retirada do exército russo que controlava o território.

Relatório aponta crimes contra a humanidade

O ex-procurador Especial da ONU para o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, David Crane, divulgou novo relatório sobre crimes de guerra cometidos no conflito no Leste Europeu, informou o setor de comunicação da Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos.

O estudo, intitulado ‘Crimes de Guerra Russos Contra a Ucrânia – A violação do Direito Internacional Humanitário pela Federação Russa’, traz informações detalhadas e acusações de crimes cometidos pela Federação Russa e pelo presidente Vladimir Putin durante a operação militar em território ucraniano.

O white paper — nome dado a um documento oficial publicado por um governo ou uma organização internacional — foi criado pela Força-Tarefa da Ucrânia, formada por estudantes e acadêmicos de Direito, com o objetivo de criar uma análise não partidária e de alta qualidade de materiais de código aberto.

“Desde a invasão, os cidadãos ucranianos foram forçados a suportar sequestros, destruição de propriedades, fome, terror, bombardeios e assassinatos nas mãos da Federação Russa. Como é consistente com a história complexa e intrincada da Ucrânia, a Rússia mais uma vez procura afirmar seu domínio e controle do território em violação arbitrária do direito internacional e da soberania ucraniana”, aponta o documento.

O relatório também oferece detalhes exaustivos de como os pesquisadores documentaram suas evidências:

“O Apêndice B (página 68) é uma narrativa do crime detalhando a data e as cidades onde os crimes foram cometidos e a parte responsável. O Apêndice B é um resumo sombrio das mortes de civis sofridas durante a invasão por bombardeios e ataques a residências, hospitais, escolas, mercearias, ônibus públicos e muito mais”.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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