União Europeia critica apoio militar à Rússia, mas evita citar diretamente a China

Líderes europeus condenam Coreia do Norte e Irã por escalada na guerra, mas hesitam em confrontar Beijing diretamente sobre apoio a Moscou.

Durante a cúpula da União Europeia (UE) nesta semana, líderes do bloco condenaram o apoio de países como Coreia do Norte e Irã à Rússia na guerra contra a Ucrânia. No entanto, evitaram mencionar diretamente a China, apesar de acusações de que empresas do país asiático estariam fornecendo drones ao exército russo. A declaração reflete divisões internas entre os 27 membros do bloco, segundo informações do jornal South China Morning Post.

A minuta preliminar destaca que transferências de armas e o envio de tropas norte-coreanas ao front ucraniano representam uma “escalada internacional” do conflito, com “graves consequências para a paz global”. Já o papel da China foi tratado com cautela, com o texto pedindo que todos os países cessem qualquer forma de assistência à Rússia.

Enquanto países como Letônia, Lituânia e República Tcheca pressionam por uma abordagem mais direta contra Beijing, outros, como Alemanha e Espanha, defendem evitar antagonismos. Segundo fontes diplomáticas, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu à UE que distinguisse o papel da China dos de Coreia do Norte e Irã, ressaltando que Beijing não atua de forma tão ostensiva no apoio à Rússia.

Presidentes da China, Xi Jinping e da Rússia, Vladimir Putin, no Cazaquistão, julho de 2024 (Foto: Kremlin)

Apesar disso, as suspeitas sobre o envolvimento chinês aumentaram nos últimos meses. Durante uma visita a Kiev, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, ouviu relatos de que Beijing estaria fornecendo a Moscou “satélites usados em drones letais”. “Ainda não verifiquei se é verdade, mas foi o que os ucranianos relataram”, declarou ela.

Beijing sob novas sanções

Pela primeira vez, a UE incluiu empresas chinesas em um pacote de sanções completo aprovado na segunda-feira (16). A lista atinge seis companhias e um cidadão chinês com congelamento de ativos e restrições de viagens, sob a acusação de fornecer tecnologia militar à Rússia. Beijing, no entanto, rejeita as acusações e afirma que mantém relações comerciais normais com Moscou e Kiev.

Em resposta às sanções, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, afirmou que o país “tomará as medidas necessárias para proteger os direitos legítimos das empresas chinesas” e acusou a UE de “fazer acusações infundadas”.

Futuro das relações com a China

A hesitação europeia reflete esperanças de que Beijing possa desempenhar um papel construtivo no fim do conflito e na reconstrução da Ucrânia. Analistas observam que as divisões internas dificultam uma postura unificada. França, Itália e Espanha, por exemplo, não participaram de um recente pedido à China para esclarecer denúncias sobre uma fábrica de drones em Xinjiang.

Enquanto isso, a postura da UE contrasta com a do G7 e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que classificaram Beijing como uma “facilitadora decisiva” da guerra. A cúpula desta semana do bloco europeu pode marcar o ritmo das futuras relações com a China, equilibrando sanções e possíveis áreas de cooperação.

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