União Europeia não reconhece militares golpistas do Níger e suspende ajuda

Bloco econômico anunciou suspensão imediata de toda a ajuda ao país africano após o golpe liderado por Abdourahamane Tchiani, bem como a cooperação de segurança

A União Europeia (UE) anunciou no sábado (29) que não irá legitimar os líderes da junta militar que tomou o poder no Níger. Além disso, o bloco econômico suspendeu toda a cooperação de segurança com o país de forma imediata. As informações são da rede Deutsche Welle (DW). 

Pelo Twitter, o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, afirmou que os Estados-Membros estão prontos para apoiar decisões futuras, incluindo a “adoção de sanções” tomadas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), principal bloco econômico da região, em apoio aos líderes democráticos nigerinos.

O Níger foi palco de um golpe na última quarta-feira (26), no qual o general Abdourahamane Tchiani, alegando “deterioração da situação de segurança” no país devastado pela ação de grupos jihadistas, se autodeclarou líder dois dias depois após destituir o presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum. No entanto, a UE enfatizou em seu comunicado que reconhece Bazoum como o único mandatário legítimo da nação.

De acordo com informações disponibilizadas em seu site, o bloco europeu destinou 503 milhões de euros (equivalente a US$ 554 milhões) para melhorar a governança, a educação e o crescimento sustentável no Níger durante o período de 2021 a 2024.

General Abdourahamane Tchiani (Foto: Office of Radio and Television of Niger (ORTN)/Captura de tela)

A ascensão ao poder de Bazoum, eleito no final de fevereiro de 2021, marcou uma transferência pacífica de poder histórica no Níger desde sua independência da França em 1960. Ele agora encontra-se sob custódia de sua guarda presidencial no palácio da presidência. O político é reconhecido como um aliado fundamental nos esforços ocidentais para combater a insurgência islâmica na região do Sahel, e Niamei é um dos principais beneficiários da ajuda externa.

União Africana (UA) condenou o golpe e pediu que os soldados envolvidos retornem imediatamente aos quartéis. O órgão, composto por 55 Estados-membros representando os países do continente, também manifestou grande preocupação com o crescente ressurgimento de golpes militares na África.

O país mais pobre do mundo, conforme classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), luta contra o alastramento do Boko Haram, ligado à Al-Qaeda, e do  ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), ambos da Nigéria, que já expandiram sua atuação para o Níger.

Apoio cortado

No sábado, o Ministério das Relações Exteriores da França anunciou a suspensão imediata de todo o desenvolvimento e apoio orçamentário ao Níger, exigindo o retorno à ordem constitucional e o restabelecimento de Bazoum como presidente.

No ano passado, Paris concedeu cerca de 120 milhões de euros (R$ 624 milhões) em ajuda para o desenvolvimento do Níger, possuindo ainda cerca de 1,5 mil soldados no país.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também alertou que o golpe coloca em risco a assistência significativa que o país dele fornece ao Níger. Há atualmente 1,1 mil soldados norte-americanos em duas bases militares da nação africana, que ainda recebe centenas de milhões de dólares em ajuda de segurança e desenvolvimento de Washington.

Wagner Group oferece ajuda

Enquanto o Ocidente condena o golpe, Yevgeny Prigozhin, chefe da organização paramilitar privada russa Wagner Group, que está operando no vizinho Mali, elogiou a tomada de poder e ofereceu os serviços de seus combatentes.

Enquanto isso, o presidente russo, Vladimir Putin, tem demonstrado interesse em expandir a influência de seu país na região.

Em resposta ao golpe, milhares de apoiadores da junta militar que assumiu o controle do país africano marcharam pelas ruas de Niamei, exibindo bandeiras russas e denunciando a antiga potência colonial, a França.

Tags: