Com eventos climáticos extremos afetando cada vez mais os países em todo o mundo, a ONU destacou nesta segunda-feira (6) a importância de limitar o aumento da temperatura à meta acordada internacionalmente de 1,5º C acima dos níveis pré-industriais.
“O planeta inteiro está passando por uma temporada de incêndios e inundações”, disse a secretária-geral adjunta Amina Mohammed, em uma reunião sobre ação climática com foco principalmente nas populações frágeis e vulneráveis em países ricos e pobres.
Ela se pronunciou num evento que antecede a COP26, a conferência climática anual da ONU, que acontecerá em Glasgow, em novembro, e citou os impactos já visíveis com um aumento de 1,2º C na temperatura global.
“Países e populações em todo o mundo – particularmente aqueles mais vulneráveis e menos responsáveis pela crise climática – terão consequências ainda mais devastadoras”, disse ela. “Os efeitos repercutirão nas economias, comunidades e ecossistemas, apagando ganhos de desenvolvimento, aprofundando a pobreza, aumentando a migração e exacerbando as tensões”.
Com “passos ousados e decisivos” em direção à meta de emissão zero em 2050, Mohammed disse que o mundo ainda pode limitar o aquecimento global a menos de 1,5º C. “Agir agora é uma questão de justiça climática. E nós temos as soluções ”, disse ela.
Embora um “investimento em grande escala” em adaptação e resiliência seja “crítico” para aqueles que estão na linha de frente da crise climática, ela informou que, até o momento, apenas 21% do financiamento climático é canalizado para esforços de adaptação.
“Dos US$ 70 bilhões que os países em desenvolvimento precisam agora para se adaptar, apenas uma fração está sendo fornecida”, afirmou a vice-chefe da ONU, acrescentando que os custos de adaptação para o mundo em desenvolvimento podem chegar a US$ 300 bilhões por ano até 2030.
Além de ser um imperativo moral, há também um caso econômico claro para investimentos iniciais em adaptação e construção de resiliência. “Vidas serão salvas e meios de subsistência protegidos”, disse ela, observando que foi por isso que o secretário-geral António Guterres pediu aos doadores e bancos multilaterais de desenvolvimento que alocassem 50% do financiamento público total do clima para adaptação e resiliência.
No entanto, os países que precisam desse apoio continuam a enfrentar sérios desafios para acessar o financiamento climático.
Mohammad enfatizou a importância de simplificar as regras e facilitar o acesso para os países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e outras nações vulneráveis e para acelerar iniciativas, como o Programa de Aceleração da Adaptação Africano desenvolvido em conjunto pelo Centro Global de Adaptação e Banco Africano de Desenvolvimento.
O Programa tem o potencial de fornecer resultados rápidos e transformadores que protegem vidas e meios de subsistência e irá galvanizar ações de resiliência climática para lidar com os impactos da Covid-19, as mudanças climáticas e a economia.
Faltando menos de 80 dias para a COP26, A vice-chefe da ONU exortou os participantes a “agir com ousadia agora pelas pessoas e pelo planeta antes que seja tarde demais”.
“Devemos responder à crise climática com solidariedade. A adaptação não pode mais ser a metade negligenciada da equação climática ”, concluiu.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News