Apenas 13 países e regiões respeitaram padrões de qualidade do ar em 2022, diz relatório

Poluição atingiu níveis alarmantes no ano passado. Má qualidade do ar mata mais de seis milhões anualmente no mundo

Uma análise divulgada pela empresa suíça IQAir revelou que em 2022 somente 13 países, territórios e regiões cumpriram as normas de qualidade do ar exigidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse tipo de poluição continua sendo a maior ameaça à saúde ambiental do mundo e o custo econômico total equivale a mais de US$ 8 trilhões, alertou o estudo.

A IQAir coletou as informações com esforços somados ao Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat, da sigla em inglês) e ao Greenpeace. Foram examinados dados de mais de 30 mil estações e sensores que monitoram a qualidade do ar de 7.323 cidades em 131 países, regiões e territórios.

Os únicos países e regiões aprovados são Finlândia, Estônia, Nova Zelândia, Porto Rico, Austrália, Granada, Nova Caledônia, Islândia, Bonaire, Sint Eusatius e Saba, Bermuda, Ilhas Virgens Americanas, Polinésia Francesa e Guam. Em contrapartida, 118 países, ou cerca de 90%, estão em desacordo com as diretrizes da OMS sobre a qualidade do ar.

Mina de carvão a céu aberto em Boxberg, na Alemanha (Foto: WikiCommons)

Sete países se destacaram negativamente pela má qualidade do ar: Chade, Iraque, Paquistão, Bahrein, Bangladesh, Burkina Faso, Kuwait e Índia. Todos excederam exageradamente as diretrizes da OMS, com poluição média do ar acima de 50 microgramas por metro cúbico.

Só na Índia, a OMS estima que a poluição do ar é responsável por mais de 1,2 milhão de mortes a cada ano. O relatório atribui a má qualidade do ar como a razão de mais de seis milhões de vidas perdidas anualmente em todo o mundo. 

A IQAir também observou que o uso de carvão pela China continua sendo uma grande preocupação climática e ambiental e que, apesar da melhoria dos índices no país, nenhuma das cidades chinesas realmente atendeu às diretrizes anuais da OMS.

O estudo analisou especificamente o material particulado fino, ou PM2,5, que é o menor poluente, mas também o mais perigoso. Ele vem de fontes como a combustão de combustíveis fósseis, tempestades de poeira e incêndios florestais e tem sido associado a vários problemas de saúde.

“O tamanho das partículas está diretamente ligado ao seu potencial de causar problemas de saúde”, disse a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. “Pequenas partículas com menos de dez micrômetros de diâmetro representam os maiores problemas, porque podem penetrar profundamente nos pulmões e algumas podem até entrar na corrente sanguínea”.

Ameaça

A OMS diz que não existe um alinhamento global e enquadramento jurídico sobre qualidade do ar. E até países que adotam esses parâmetros têm dificuldade de comparar implementações. 

Para 49% das nações, a poluição é uma ameaça externa, e os padrões de qualidade variam de acordo com países e regiões. Apenas 33% das nações impõem obrigações para cumprimento dos padrões exigidos por lei. Essa fiscalização é crucial, mas não é exigida por lei em pelo menos 37% dos países. E, quando o tema é poluição do ar transfronteiriça, apenas 31% dos países têm instrumentos legais para enfrentá-la.

Por que isso importa?

Segundo a IQAir, a exposição à poluição do ar causa e agrava várias condições de saúde que incluem, entre outras, asma, câncer, doenças pulmonares, doenças cardíacas e mortalidade prematura. 

A poluição do ar afeta mais severamente as populações já vulneráveis. Mais de 90% das mortes relacionadas à poluição ocorrem em países de baixa e média renda. Crianças menores de 18 anos, mulheres grávidas e idosos têm risco aumentado de desenvolver ou piorar as condições de saúde devido à exposição à poluição do ar.

A OMS afirma que a poluição do ar é o maior risco para a saúde humana e ambiental. A agência estima que 92% da população mundial habite em áreas onde a poluição excede os limites de segurança. As maiores vítimas são mulheres, crianças e pessoas na terceira idade, em países de baixa renda.

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