Palavras de ódio em estabelecimentos judeus e na internet, ameaças e outros atos antissemitas foram registrados em diversos países nos últimos dias, desde que Israel declarou guerra ao Hamas após o grupo radical realizar um ataque contra o território israelense no dia 7 de outubro. As informações são da rede Voice of America (VOA).
No Telegram, plataforma usada inclusive por grupos terroristas islâmicos para divulgação de informações sobre atentados, as ações antissemitas tiveram um aumento de 488% no último sábado (14), segundo a Liga Antidifamação, o mais antigo grupo judeu de direitos civis dos Estados Unidos.
Os episódios mais comuns e também os mais violentos, entretanto, têm ocorrido fora da rede mundial de computadores. Em Salt Lake City, nos EUA, uma ameaça de bomba levou à evacuação de uma sinagoga, com outros episódios semelhantes registrados em estabelecimentos judeus da cidade.
Logo no primeiro dia de conflitos, um restaurante kosher de Londres teve a porta arrombada, com a frase “Palestina Livre” escrita em uma ponte próxima. O episódio foi revelado pelo jornal local Jewish News, segundo o qual ocorrências semelhantes já haviam ocorridos em outras ocasiões.
O aumento da tensão levou o prefeito da capital britânica, Sadiq Khan, a se manifestar através da rede social X, antigo Twitter. “Não há tolerância ao ódio em nossa cidade. Continuo em contato próximo com a Polícia Metropolitana. Quem fez isso enfrentará toda a força da lei. Estou com os judeus londrinos, hoje e sempre”, escreveu ele.
A suástica, símbolo nazista, passou a ser identificada com maior frequência, inclusive em protestos a favor dos palestinos. Um caminhão amanheceu com o emblema pintado em sua lataria em St. Louis, nos EUA, enquanto um manifestante em Nova York tinha a marca em seu braço durante marcha pró-Palestina na Times Square.
Em outra referência ao holocausto, a Associação Judaica Australiana disse que manifestantes foram ouvidos gritando “gás nos judeus” durante manifestação em frente à Ópera de Sydney. Tal informação, porém, não foi verificada de forma independente.
Entidades judaicas ocidentais também denunciaram protestos em favor do Hamas em cidades norte-americanas como Nova York, Washington, Filadélfia, São Francisco e Chicago. O grupo, que desencadeou o conflito ao atacar Israel, é considerado uma organização terroristas pelos EUA, embora a ONU (Organização das Nações Unidas) não utilize a mesma classificação.
Brian Levin, proeminente pesquisador de extremismo e professor emérito da Universidade Estadual da Califórnia, diz que tais atos não são novidade e ocorrem de tempos em tempos, invariavelmente conectados a episódios protagonizados pela população ou pelo governo israelenses.
Ele destaca que em outubro de 2000, após protestos violentos ocorridos em Israel, os crimes de ódio antissemitas aumentaram 152%. Já em 2021, quando houve outro confronto entre Israel e Hamas, tais episódios cresceram 187%.
Arie Perliger, professor da Escola de Criminologia e Estudos de Justiça da Universidade de Massachusetts, projeta que o problema será mais sério durante o conflito em curso. “Considerando que a atual escalada será mais longa e intensa, devemos esperar um aumento mais substancial do antissemitismo em comparação com escaladas anteriores no conflito”, disse.