Grécia amplia investigação sobre suposto plano de ataques antissemitas

Oito homens paquistaneses foram detidos por entrada ilegal na Grécia. Polícia local diz ter prendido dois paquistaneses de origem iraniana

A Grécia está conduzindo interrogatórios a oito suspeitos do Paquistão sobre envolvimento em uma suposta conspiração que tinha como objetivo realizar ataques antissemitas em Atenas, disse uma fonte policial nesta quinta-feira (30). As informações são da agência AFP.

“A investigação para determinar se outras pessoas estão envolvidas está em andamento”, disse a fonte, acrescentando que os oito paquistaneses foram levados sob custódia por entrarem ilegalmente na Grécia.

Na terça-feira (28), polícia grega anunciou que prendeu dois paquistaneses de origem iraniana que estariam planejando ataques a áreas frequentadas por israelenses no centro de Atenas. “Após ações coordenadas da polícia grega e do Serviço Nacional de Inteligência, foi desmantelada uma rede terrorista que, do exterior, planejava ataques contra alvos cuidadosamente selecionados em território grego”, disse um comunicado da polícia.

Viatura da polícia grega (Foto: WikiCommons)

A fonte acrescentou que os homens tinham como alvo um prédio que abriga um restaurante judeu e um centro de oração.

A porta-voz da polícia grega, Constantia Dimoglidou, disse à AFP que o “mentor” é “um paquistanês que vive fora da Europa”. Uma outra fonte policial, falando sob condição de anonimato, disse que a pessoa vive no Irã.

A agência de notícias estatal grega ANA disse na quarta-feira (29) que os oito homens interrogados estavam “em contato próximo” com os dois suspeitos originais.

Israel acusou Teerã de estar por trás do esquema e disse que a Mossad, sua agência de inteligência, ajudou a impedir o ataque.

A Grécia foi incluída em uma lista de países com advertências de viagem emitidas pelo Conselho de Segurança Nacional de Israel antes do feriado judaico da Páscoa, que ocorre no início de abril.

A embaixada do Irã na Grécia negou na quarta qualquer conexão com o suposto atentado contra judeus.

Tensão crescente

Episódios do gênero não são novidade na tensa relação entre o Irã e Israel. A situação piorou desde que Teerã passou a intensificar seu programa nuclear após os EUA se retirarem do acordo atômico firmado com as potências ocidentais.

Israel é suspeita de lançar uma série de ataques ao Irã. Entre os alvos dessas ofensivas esteve a usina nuclear de Natanz, que sofreu uma explosão no setor de centrífugas há quase três anos. As centrífugas, usadas para enriquecer urânio, ficavam localizadas no subsolo da usina, de forma a ficarem protegidas contra ataques aéreos. Duas explosões ocorreram no local: a primeira em julho de 2020, a segunda em abril de 2021. Desde o primeiro momento o Irã acusa Israel pelo ocorrido, embora não haja qualquer comprovação oficial.

Outro caso espinhoso entre as nações rivais envolve a morte do cientista iraniano Mohsen Fakhrizadeh, pioneiro no programa nuclear de Teerã, assassinado em novembro de 2020. Em abril de 2018, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu chamou a atenção para a figura influente de Fakhrizadeh no policiamento estratégico do Irã.

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