Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
A queda global da fertilidade não se deve ao abandono da paternidade pelos jovens, mas sim às pressões sociais e econômicas que os impedem de ter os filhos que desejam, afirma um novo relatório da ONU.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) divulgou seu principal relatório sobre o Estado da População Mundial na terça-feira (10), alertando que um número crescente de pessoas está sendo impedido de ter a liberdade de formar uma família devido ao aumento exorbitante do custo de vida, à persistente desigualdade de gênero e à crescente incerteza sobre o futuro.
Intitulado A verdadeira crise da fertilidade: a busca pela agência reprodutiva em um mundo em mudança , o relatório argumenta que o que está realmente ameaçado é a capacidade das pessoas de escolher livremente quando — e se — querem ter filhos.
O relatório se baseia em uma pesquisa recente do UNFPA/YouGov abrangendo 14 países que juntos representam 37% da população global.
Preocupações financeiras
As barreiras econômicas foram o principal fator, com 39% dos entrevistados citando limitações financeiras como o principal motivo para ter menos filhos do que gostariam.
O medo pelo futuro – das mudanças climáticas à guerra – e a insegurança no emprego vieram em seguida, citados por 19% e 21% dos entrevistados, respectivamente.

Treze por cento das mulheres e 8% dos homens apontaram a divisão desigual do trabalho doméstico como um fator para ter menos filhos do que o desejado.
A pesquisa também revelou que um em cada três adultos passou por uma gravidez indesejada, um em cada quatro se sentiu incapaz de ter um filho no momento desejado e um em cada cinco relatou ter sido pressionado a ter filhos que não queria.
Soluções para a crise da fertilidade
O relatório alerta contra respostas simplistas e coercitivas à queda nas taxas de natalidade, como bônus por nascimento ou metas de fertilidade, que muitas vezes são ineficazes e correm o risco de violar os direitos humanos.
Em vez disso, o UNFPA pede que os governos expandam as opções removendo as barreiras à paternidade identificadas por suas populações.
As ações recomendadas incluem tornar a paternidade mais acessível por meio de investimentos em moradia, trabalho decente, licença parental remunerada e acesso a serviços abrangentes de saúde reprodutiva.
Fator imigração
A agência também incentiva os governos a ver a imigração como uma estratégia fundamental para lidar com a escassez de mão de obra e manter a produtividade econômica em meio ao declínio da fertilidade.
Em relação à desigualdade de gênero, o relatório pede que se aborde o estigma contra pais envolvidos, as normas do local de trabalho que afastam as mães da força de trabalho, as restrições aos direitos reprodutivos e a ampliação das disparidades de gênero nas atitudes entre as gerações mais jovens, que estão contribuindo para o aumento do número de solteiros.