Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
As emissões de gases de efeito estufa atingiram um máximo recorde em 2022, “sem fim à vista para a tendência crescente”, afirmou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) num relatório publicado na quarta-feira (15).
O Boletim sobre Gases de Efeito Estufa surge antes da conferência da ONU sobre mudanças climáticas COP28, que será inaugurada em Dubai em duas semanas.
Os combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás – são responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa, que retêm o calor do sol, levando ao aquecimento global e às mudanças climáticas.
No ano passado, as concentrações médias globais do gás de efeito estufa mais importante, o dióxido de carbono (CO2), situaram-se 50% acima da era pré-industrial, marcando um feito inédito, e continuaram a crescer em 2023.
Indo para o lado errado
As concentrações de metano também cresceram, e os níveis de óxido nitroso, o terceiro principal gás, registaram o maior aumento anual alguma vez registado entre 2021 e 2022.
“Apesar de décadas de alertas da comunidade científica, de milhares de páginas de relatórios e de dezenas de conferências sobre o clima, ainda estamos caminhando na direção errada”, afirmou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.
A trajetória atual “nos colocas no caminho de um aumento das temperaturas muito acima das metas do Acordo de Paris até ao final deste século”, acrescentou, referindo-se aos esforços para limitar o aumento da temperatura global a 1,5º C.
‘Uma questão de urgência’
Como resultado, os países enfrentarão condições climáticas mais extremas, incluindo calor e chuvas intensos, derretimento do gelo, aumento do nível do mar, calor e acidificação dos oceanos.
“Os custos socioeconómicos e ambientais vão disparar”, alertou Taalas. “Devemos reduzir o consumo de combustíveis fósseis com urgência.”
A OMM explicou que pouco menos de metade das emissões de CO2 permanecem na atmosfera, enquanto mais de um quarto são absorvidos pelo oceano e pouco menos de 30% pelos “ecossistemas terrestres”, como as florestas.
‘Sem varinha mágica’
Enquanto as emissões continuarem, o CO2 continuará a se acumular na atmosfera, levando ao aumento da temperatura global. Além disso, dada a sua longa vida útil, o nível de temperatura já observado persistirá durante várias décadas, mesmo que as emissões sejam rapidamente reduzidas até o zero líquido.
A última vez que a Terra registou uma concentração comparável de CO2 foi entre três milhões e cinco milhões de anos, quando a temperatura era entre 2º C a 3º C mais quente, e o nível do mar era dez a 20 metros mais alto.
“Não existe uma varinha mágica para remover o excesso de dióxido de carbono da atmosfera”, disse Taalas.
Uma iniciativa da OMM anunciada neste ano visa garantir uma monitoração global sustentada e rotineira das concentrações e fluxos de gases com efeito de estufa para melhorar a compreensão em torno das alterações climáticas e apoiar ações de mitigação.
Taalas disse que a Global Greenhouse Gas Watch “melhorará muito as observações sustentadas e o monitoramento para apoiar metas climáticas mais ambiciosas.”