OMS reúne Comitê de Emergência após registrar mais de 14 mil casos de varíola dos macacos

Casos foram relatados em 71 Estados-Membros de todas as regiões da OMS, com seis novos focos na semana passada

A OMS (Organização Mundial da Saúde) reuniu nesta quinta-feira (21) o Comitê de Emergência da Varíola dos Macacos para avaliar as implicações para a saúde pública do surto da doença em vários países, já que os casos globais passaram de 14 mil, com seis países relatando seus primeiros casos na semana passada.

O comitê se reuniu pela primeira vez no mês passado, mas decidiu não declarar o surto uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reconheceu sua consciência “aguda” de que qualquer decisão sobre a possível determinação envolve “a consideração de muitos fatores, com o objetivo final de proteger a saúde pública”.

O comitê já ajudou a “delinear a dinâmica desse surto”, disse ele em seu discurso de abertura aos membros e conselheiros do comitê. “À medida que o surto se desenvolve, é importante avaliar a eficácia das intervenções de saúde pública em diferentes ambientes, para entender melhor o que funciona e o que não funciona”.

Diretor-geral da OMS durante discurso em assembleia geral virtual (Foto: OMS/Reprodução)

A Varíola dos macacos, uma doença viral rara, ocorre principalmente em áreas de floresta tropical da África Central e Ocidental, embora tenha sido exportado para outras regiões. Neste ano, mais de 14 mil casos foram relatados em 71 Estados-Membros de todas as seis regiões da OMS.

Enquanto a tendência em alguns países diminuiu, em outros está aumentando. Em alguns, com menos acesso a diagnósticos e vacinas, o surto é mais difícil de rastrear e conter.

Tedros revelou que seis países relataram seus primeiros casos na semana passada e que a grande maioria continua entre homens que fazem sexo com homens.

“Esse padrão de transmissão representa tanto uma oportunidade para implementar intervenções de saúde pública direcionadas quanto um desafio, porque em alguns países as comunidades afetadas enfrentam discriminação com risco de vida”, disse ele.

Ele alertou para “uma preocupação muito real” de que homens que fazem sexo com homens possam ser “estigmatizados ou culpados, tornando o surto muito mais difícil de rastrear e parar”.

Uma das ferramentas mais poderosas contra a varíola é a informação, afirmou o chefe da OMS. “Quanto mais informações as pessoas em risco de varíola dos macacos tiverem, mais elas poderão se proteger”, disse. “Infelizmente, as informações compartilhadas com a OMS pelos países da África Ocidental e Central ainda são muito escassas”.

A incapacidade de caracterizar a situação epidemiológica nessas regiões representa um “desafio substancial” para o desenho de intervenções que possam controlar a doença historicamente negligenciada.

A agência de saúde da ONU está trabalhando em estreita colaboração com as comunidades afetadas em todas as suas regiões. À medida que o surto evolui, pediu que as populações mais afetadas tenham um acesso “direcionado e focado” a todas as contramedidas.

Enquanto isso, está validando, adquirindo e enviando testes para vários países e continua a fornecer suporte para acesso expandido a diagnósticos eficazes.

O comitê discutirá as últimas evidências e condições até quinta-feira e anunciará sua decisão nos próximos dias.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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