Relatório destaca impacto da exploração espacial para a humanidade e pede regulamentação

Chefe da ONU cita o papel dos ativos espaciais na navegação, na oferta de internet e no monitoramento de tendências no planeta

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O uso do espaço sideral tem cada vez mais impacto na vida no planeta Terra. Essa é a conclusão do relatório Para Toda a Humanidade: O Futuro da Governança do Espaço Sideral.

O documento foi lançado na quarta-feira (6) pelo secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres. O texto coincidiu com a abertura da 66ª Reunião do Comitê para Usos Pacíficos do Espaço Sideral, que acontece até sexta-feira (8).

Ao apresentar o conjunto de propostas, conhecido como “Nossa Agenda Comum”, o chefe da ONU disse que “ativos espaciais têm um papel cada vez maior na navegação, oferta de internet e no monitoramento de tendências no planeta, incluindo energia, clima e biodiversidade.” E ressaltou que é necessário “mitigar os riscos e aproveitar as oportunidades do espaço da forma mais inclusiva possível.”

O levantamento apresenta três tendências que podem afetar a preservação do domínio espacial como “uma província da humanidade.”

Entre 1957 e 2012, o número de satélites lançados no espaço permaneceu relativamente estável, numa média de 150 por ano. Esse período abarcou os primeiros voos humanos na órbita da Terra e da Lua, o desenvolvimento dos satélites de comunicação e a construção da Estação Espacial Internacional.

No entanto, na última década, o número de satélites aumentou exponencialmente, passando de 210 em 2013 para 1,2 mil em 2020. No ano passado foram lançados 2.470 satélites.

Foguete chinês Kuaizhou-1A lança satélite ao espaço (Foto: Xinhua.net/divulgação)
Tráfico espacial

O crescimento de atividades do setor privado também está contribuindo para aumentar o tráfico espacial na próxima década. Estima-se que o mercado ligado ao espaço vai movimentar US$ 737 bilhões até 2030.

Outra tendência sinalizada no documento é a retomada de viagens de longa distância no espaço, que não ocorriam desde 1972. Projetos previstos para os próximos anos incluem a construção de uma estação na órbita da lua e uma base fixa na superfície lunar.

Segurança do espaço sideral

Em 1959, apenas dois anos após o lançamento do Sputnik, o primeiro satélite do mundo, os Estados-Membros das Nações Unidas estabeleceram o Comitê para Usos Pacíficos do Espaço Sideral, atualmente com 102 países.

O Comitê promoveu as relações diplomáticas e científicas que culminaram na aprovação de cinco tratados da ONU sobre o espaço, negociados entre 1967 e 1979.

Esses tratados abordaram desafios e riscos associados à exploração espacial, incluindo temas como resgate de astronautas, responsabilidade e registro de objetos espaciais e acordo para atividades na Lua e outros corpos celestes.

Em Nossa Agenda Comum, o secretário-geral propõe aos países uma “combinação de normas vinculantes e não-vinculantes” para abordar riscos emergentes para a segurança do espaço sideral.

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