Unicef pede ajuda bilionária para socorrer 8 milhões de crianças que podem morrer de fome

Nos 15 países mais afetados pela crise escassez mundial de alimentos, a cada minuto um menor passa a sofrer com o problema

Às vésperas da cúpula do G7, o grupo dos países mais industrializados do mundo, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância) faz um apelo por US$ 1,2 bilhão para atender às necessidades urgentes de 8 milhões de crianças menores de cinco anos que correm o risco de morrer por definhamento grave. 

Segundo a agência, a crise global de fome coloca uma criança em desnutrição grave a cada minuto em 15 países que sofrem com a escassez de alimentos, como na região do Chifre da África e no Sahel.  

Os menores podem morrer com a falta de cuidados terapêuticos imediatos. Este aumento no definhamento grave é um acréscimo aos níveis existentes de desnutrição infantil que o Unicef alertou que era como uma “caixa de pólvora” no mês passado. 

A diretora executiva da agência da ONU, Catherine Russell, afirma que a ajuda alimentar é fundamental, mas “não é possível salvar crianças da fome com sacos de trigo”. Ela reforça a necessidade de levar tratamento para os menores “antes que seja tarde demais”. 

O Unicef explica que o aumento dos preços dos alimentos, a seca persistente devido às mudanças climáticas, conflitos, e o impacto econômico da pandemia continuam a aumentar a insegurança alimentar e nutricional das crianças em todo o mundo, resultando em “níveis catastróficos” de desnutrição grave em crianças menores de cinco anos.  

Crianças assistidas pelo PMA em Burkina Faso, dezembro de 2019 (Foto: Unicef/Vincent Tremeau)
Países afetados

O Unicef está intensificando seus esforços nos 15 países mais afetados.  Afeganistão, Burkina Faso, Chade, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Quênia, Madagascar, Mali, Níger, Nigéria, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Iêmen serão incluídos em um plano de aceleração para ajudar a evitar o aumento nos casos de crianças mortes e mitigar os danos a longo prazo do definhamento grave. 

Segundo o Unicef, o emagrecimento severo, no qual as crianças são muito magras para sua altura, é a forma mais visível e letal de desnutrição.  Mas o sistema imunológico também fica enfraquecido, o que aumenta o risco de morte entre crianças menores de cinco anos em até 11 vezes em comparação com crianças bem nutridas. 

Nos 15 países em maior risco, o Unicef estima que pelo menos 40 milhões de crianças sofrem de insegurança nutricional grave, o que significa que não estão recebendo a dieta diversificada mínima necessária para crescer e se desenvolver na primeira infância.  

Além disso, 21 milhões de crianças sofrem de insegurança alimentar grave, o que significa que não têm acesso a alimentos suficientes para atender às necessidades mínimas, ficando em alto risco de definhamento grave. 

Enquanto isso, o preço dos alimentos terapêuticos prontos para uso para tratar o definhamento grave subiu 16% nas últimas semanas devido a um aumento acentuado no custo dos ingredientes, deixando outras 600 mil crianças adicionais sem acesso a tratamento e correndo risco de morte. 

O Unicef explica que o valor de US$ 1,2 bilhão é necessário para fornecer um pacote essencial de serviços e cuidados de nutrição para evitar milhões de mortes infantis nos 15 países com maior risco. 

O financiamento permitiria a proteção da nutrição materna e infantil, bem como o tratamento de crianças com desnutrição grave e a compra e distribuição de alimentos terapêuticos prontos para uso. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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