Seca no Chifre da África pode afetar 15 milhões de pessoas, segundo a OIM

Entidade alerta para agravamento de crise humanitária na região, que já sofre com conflitos, mudança climática e a pandemia

A OIM (Organização Internacional para Migrações) afirma que a pior seca em décadas no Chifre da África vem causando deslocamentos cada vez mais generalizados na região. Com o aumento da insegurança alimentar, a agência diz ser necessária uma resposta humanitária urgente e eficiente para evitar o agravamento da situação, o que deve ocorrer em meados deste ano.

A estimativa é de que 15 milhões de pessoas sejam severamente afetadas pela seca no Quênia, na Somália e na Etiópia. Os 7 milhões de etíopes representam quase metade desse número.

A OIM alerta que a falta de chuvas agravará a crise humanitária na região, que já sofre com conflitos e insegurança, condições climáticas extremas, demais efeitos da mudanças climáticas, nuvens de gafanhotos e a os problemas provenientes da pandemia de Covid-19.

De acordo com a ONU, a atual seca tem sido especialmente severa, aumentando risco de fome e desnutrição, com a situação da segurança alimentar se deteriorando rapidamente.

Três mulheres em campo de refugiados de Uganda, março de 2019 (Foto: Ninno JackJr/Unsplash)

A OIM diz que as pastagens e pontos de água estão secando em toda a região. Comunidades rurais estão perdendo os rebanhos e seus meios de subsistência. Só no Quênia, 1,4 milhão de cabeças de gado morreram no final do ano e outros milhares de acres de plantações foram destruídos devido à seca.

Milhares de famílias estão sendo forçadas a deixar suas casas em busca de comida, água e campos de cultivo, aumentando a pressão sobre os já limitados recursos naturais. A seca também aumentou o risco de conflitos intercomunitários, pois as comunidades agrícolas e as pastoris competem por suprimentos e água.

Na Somália, com a pior escassez hídrica em 40 anos em algumas partes do país, o governo declarou estado de emergência em novembro de 2021, o que poderia desalojar mais de um milhão de pessoas, além dos 2,9 milhões já deslocados.

Com base em padrões anteriores de deslocamento por seca na Somália, as populações afetadas devem deixar comunidades rurais para buscar condições melhores nos centros urbanos.

A previsão da OIM é de que o deslocamento para as grandes cidades deve sobrecarregar serviços críticos, como assistência médica, aumentando a exposição a infecções e levando a surtos de doenças.

O monitoramento de fluxo da OIM registrou um aumento nos movimentos induzidos pela seca da Somália para a Etiópia, possivelmente para obter acesso à água e pastagens.

No entanto, a Etiópia também está sofrendo as consequências da seca. No sul e sudeste do país, a estiagem consumiu os meios de subsistência de pelo menos 4 milhões de comunidades pastoris e agropastoris.

Segundo a OIM, atualmente existem meios para auxiliar as populações afetadas pela seca em toda a região. No entanto, os recursos são limitados e ultrapassam as demandas. Assim, a agência pede financiamento adicional para salvar vidas e meios de subsistência, mitigar mais deslocamentos e evitar maiores necessidades no futuro.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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