Aumento da crise alimentar torna financiamento insuficiente e afeta refugiados em todo o mundo

Cortes de ração de até 50% afetam três quartos de todos os refugiados apoiados pelo programa na África Oriental

Novos cortes no fornecimento de alimentos são iminentes para os refugiados de todo o mundo, à medida que as necessidades humanitárias se multiplicam e o financiamento luta para manter o ritmo. O alerta foi feito pela agência de ajuda alimentar da ONU nesta segunda-feira (20), Dia Mundial do Refugiado.

“À medida que a fome global ultrapassa os recursos disponíveis para alimentar todas as famílias que precisam desesperadamente da ajuda do PMA, estamos sendo forçados a tomar uma decisão de cortar o coração, que é a de reduzir a porção de alimentos para os refugiados que dependem de nós para sua sobrevivência”, disse David Beasley, diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

O aviso sombrio ocorre quando o PMA já foi forçado a reduzir significativamente o fornecimento para refugiados em suas operações. Cortes de até 50% afetam três quartos de todos os refugiados apoiados pelo programa na África Oriental, com aqueles que vivem na Etiópia, no Quênia, no Sudão do Sul e em Uganda sendo mais afetados.

Refugiados de Camarões no Chade, janeiro de 2017 (Foto: Divulgação/Bistandsaktuelt/Espen Rost)

Graves restrições de financiamento na África Ocidental, onde a fome atingiu um recorde em uma década, forçaram o PMA a reduzir significativamente o fornecimento de alimentos para refugiados que vivem em Burkina Faso, Camarões, Chade, Mali, Mauritânia e Níger. Enquanto isso, o PMA assiste em média 500 mil refugiados na África Austral anualmente.

Apesar do generoso apoio dos doadores, os recursos continuam a ser insuficientes para satisfazer as necessidades básicas das famílias de refugiados e são esperadas perturbações iminentes em Angola, Malaui, Moçambique, República do Congo, Tanzânia e Zimbábue.

“Sem novos fundos urgentes para apoiar os refugiados – um dos grupos de pessoas mais vulneráveis ​​e esquecidos do mundo, muitos que passam fome serão forçados a pagar com suas vidas”, alertou Beasley.

Os números contam a história:
  • 3 milhões de pessoas, incluindo 27,1 milhões de refugiados e 53,2 deslocados internos, foram deslocados à força até o final de 2021;
  • 100 milhões foram deslocados à força até o final de maio de 2022;
  • Quase 10 milhões de refugiados foram assistidos pelo PAM em 2021;
  • Na África Austral, o PMA precisa de quase US$ 113 milhões para apoiar os refugiados nos próximos seis meses;
  • Na África Oriental, o PMA precisa de quase US$ 411 milhões para apoiar os refugiados nos próximos seis meses;
  • Na África Ocidental, o PMA precisa de US$ 76,5 milhões para apoiar os refugiados nos próximos seis meses.
Escolhas impossíveis

Paralisado por restrições de financiamento, o PMA está tendo que priorizar a assistência para garantir que os alimentos vitais cheguem primeiro às famílias mais vulneráveis ​​– muitas vezes deixando os refugiados sem apoio em um momento em que a assistência alimentar é a diferença entre a vida e a morte.

Ao passo que o PMA é forçado a instituir reduções de fornecimento para esticar recursos limitados, este ano ainda viu mais seis milhões de movimentos de refugiados da Ucrânia. Em resposta, o PMA na Moldávia entregou cerca de 475 mil refeições quentes para famílias afetadas em 31 localidades diferentes.

De acordo com os últimos números divulgados pela Acnur (Agência das Nações Unidas para os Refugiados), 67% dos refugiados e requerentes de asilo vieram de países com crises alimentares em 2021. Isso, juntamente com conflitos devastadores e extremos climáticos, está atingindo os refugiados mais duramente.

Embora as necessidades imediatas dos refugiados continuem sendo a principal preocupação do PMA, mais do que nunca há também a necessidade de investimentos sustentados em programas que promovam a autossuficiência das populações de refugiados.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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