Al Jazeera leva caso de jornalista palestina morta ao Tribunal Penal Internacional

Emissora do Catar afirma ter "descoberto novas evidências" sobre a morte de Shireen Abu Akleh, assassinada na Cisjordânia ocupada em maio

A rede catari Al Jazeera anunciou nesta terça-feira (6) que apresentou uma queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, na Holanda, pelo assassinato de sua correspondente palestino-americana Shireen Abu Akleh pelo exército israelense. A repórter morreu após ser baleada na cabeça no dia 11 de maio na Cisjordânia ocupada. As informações são da rede CNN.

Na declaração, a emissora enfatizou que “os novos elementos citados no referido arquivo mostram claramente que Shireen e seus colegas foram alvo de fogo das forças de ocupação israelenses, tendo como base imagens de vídeo e declarações de testemunhas oculares presentes”.

No documento, a Al Jazeera afirma que tais novas evidências e vídeos atestam que a jornalista foi vítima de um “assassinato deliberado”, responsabilidade que o exército de Israel nega e, em sua defesa, diz que ela foi morta por engano. Shireen perdeu a vida quando reportava uma operação de prisão pelas forças de segurança israelenses em meio a uma série de confrontos no campo de refugiados de Jenin, no norte do território palestino.

Shireen Abu Akleh, jornalista morta na Cisjordânia (Foto: Wikimedia Commons)

Diante da acusação, o primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, reforçou nesta terça que nenhuma autoridade externa investigaria as tropas das Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês).

“Ninguém vai investigar soldados da IDF e ninguém vai nos pregar sobre moral na guerra. Certamente não a Al Jazeera”, declarou Lapid.

No início de setembro, Israel admitiu uma “grande possibilidade” de suas forças armadas terem sido responsáveis pela morte da jornalista, que teria sido “acidentalmente atingida” por um disparo de um de seus agentes direcionados a “suspeitos identificados como atiradores palestinos armados durante uma troca de tiros”.

No entanto, investigações conduzidas pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH), a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e veículos de imprensa chegaram à conclusão de que o disparo que vitimou Shireen partiu de forças israelenses, já que não havia combatentes palestinos no local.

A porta-voz do ACNUDH Ravina Shamdasani disse não haver evidência de atividades de palestinos armados nas proximidades de onde a jornalista foi morta. Segundo ela, Akleh e os colegas “procederam lentamente para tornar sua presença visível para as forças israelenses posicionadas na rua. Nossas descobertas indicam que nenhum aviso foi emitido e nenhum tiroteio estava ocorrendo naquele momento e naquele local”.

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