Anistia Internacional cobra investigação sobre morte de trabalhador humanitário detido pelos Houthis

ONG denuncia detenções arbitrárias e alerta para riscos enfrentados por funcionários da ONU e de organizações civis no Iêmen

A Anistia Internacional se manifestou em defesa de uma investigação a respeito a morte sob custódia de um trabalhador humanitário da ONU (Organização das Nações Unidas) que estava preso arbitrariamente em um centro de detenção administrado pelos Houthis no norte do Iêmen. A identidade do funcionário do Programa Mundial de Alimentos (PMA) não foi oficialmente divulgada.

“A notícia de que um trabalhador humanitário da ONU morreu sob custódia em uma instalação administrada pelos Houthis é verdadeiramente horrível. Deve haver uma investigação urgente, independente, eficaz e imparcial sobre as circunstâncias que levaram à morte”, afirmou Diala Haidar, pesquisadora da Anistia para o Iêmen.

Unicef entrega equipamentos de proteção no Iêmen (Foto: Unicef/Reprodução)

A organização denunciou que os centros de detenção controlados pelos Houthis têm histórico de tortura e maus-tratos, levantando preocupações sobre a possibilidade de que o funcionário tenha sido vítima de abusos durante o período em que esteve preso. O caso também intensificou os temores sobre a segurança de dezenas de outros detidos em condições semelhantes.

Atualmente, mais de 65 trabalhadores da ONU e de organizações da sociedade civil, tanto iemenitas quanto internacionais, seguem detidos arbitrariamente sob controle dos Houthis. “As autoridades de fato devem libertar imediatamente todos os indivíduos detidos arbitrariamente, incluindo aqueles que estão presos apenas por seu trabalho humanitário ou em defesa dos direitos humanos”, acrescentou Haidar.

Desde maio de 2024, os Houthis realizaram uma série de incursões para prender trabalhadores humanitários em territórios sob seu controle. Em apenas duas semanas, ao menos 13 membros da ONU e 50 funcionários de organizações civis foram arbitrariamente detidos. Em janeiro de 2025, uma nova onda de prisões levou à detenção de outros oito integrantes da ONU, incluindo o trabalhador do PMA que faleceu sob custódia.

Os detidos não foram formalmente acusados e seguem sem acesso a advogados ou contato com suas famílias. O cerco imposto pelos Houthis contra os trabalhadores humanitários ocorre em um momento de crise extrema no Iêmen, onde 80% da população depende de ajuda para sobreviver, segundo dados da ONU.

“As ondas de prisões contra trabalhadores humanitários e de direitos humanos agravam uma situação humanitária desesperadora. E quem pagará o preço serão os civis iemenitas em situação crítica”, alertou Haidar.

Em resposta às prisões, a ONU suspendeu, em janeiro de 2025, todos os deslocamentos oficiais dentro e para áreas controladas pelos Houthis. No dia 10 de fevereiro, a organização também interrompeu suas atividades em Sa’ada, província onde seis de seus funcionários foram detidos.

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