Um ataque realizado por um terrorista suicida matou ao menos oito pessoas, entre elas dois funcionários da Embaixada da Rússia em Cabul, no Afeganistão, nesta segunda-feira (5). A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores de Moscou e reproduzida pela agência catari Al Jazeera.

“Como resultado do ataque, dois funcionários da missão diplomática foram mortos e também há vítimas entre os cidadãos afegãos”, disse o ministério em comunicado.

Mawlawi Sabir, chefe do distrito policial onde ocorreu o ataque, disse à agência Reuters que “o agressor suicida, antes de atingir o alvo, foi reconhecido e baleado por guardas (talibãs) da embaixada russa”. Ainda assim, o dispositivo que ele carregava junto ao corpo foi detonado.

De acordo com o site Gandhara, no momento da explosão havia uma grande fila na porta da Embaixada, com cidadãos afegãos em busca de um visto para a Rússia. Veículos jornalísticos locais afirmam que o número de mortos pode ser bem superior ao informado incialmente, chegando a 20 vítimas fatais.

Por ora, nenhum grupo extremista assumiu oficialmente a autoria do atentado.

Por que isso importa?

A Rússia é um dos poucos países que mantêm uma Embaixada ativa em Cabul desde a ascensão do Taleban ao poder. Embora Moscou não tenha reconhecido oficialmente os radicais como governantes de direito do país, mantém negociações com os talibãs para fornecer gasolina e outras commodities ao Afeganistão.

O reconhecimento internacional do governo talibã fortaleceria financeiramente um país pobre e sem perspectiva imediata de gerar riqueza. Em meio à crise profunda que os afegãos enfrentam, os Estados Unidos liberaram para ajuda humanitária, em fevereiro de 2022, US$ 3,5 bilhões em ativos congelados do Banco Central do Afeganistão em solo norte-americano.

Quando o governo afegão se dissolveu, com altos funcionários deixando o país, incluindo o presidente e o governador interino do banco central, ficaram para trás pouco mais de US$ 7 bilhões em ativos depositados no Federal Reserve Bank dos EUA. Como não estava mais claro quem tinha autoridade legal para obter acesso a essa conta, os fundos tornaram-se indisponíveis para saque.

Washington congelou os fundos afegãos mantidos nos EUA após o Taleban tomar o poder. Ultimamente, o governo Biden vinha sendo pressionado a disponibilizar o dinheiro sem reconhecer o regime do Taleban, que alega ser o dono do dinheiro. O valor, então, acabou liberado, com a outra metade destinada a pagar indenizações às vítimas dos ataques de 11 de setembro.

O Afeganistão tem mais US$ 2 bilhões em reservas, depositados em países como Reino Unido, Alemanha, Suíça e Emirados Árabes Unidos. A maioria desses fundos também está congelada.