China e Irã assinam acordo econômico e de segurança com previsão de 25 anos

Acordo foi elaborado por cinco anos e prevê uma série de investimentos chineses em infraestrutura e energia iranianas

A China e o Irã ignoraram as sanções dos EUA e assinaram um amplo acordo de cooperação econômica e de segurança no último sábado (27). A parceria estratégica, assinada pelos chanceleres Javad Zarif e Wang Yi na capital iraniana Teerã, deve durar 25 anos.

O tratado já era discutido desde 2016 e não teve detalhes divulgados. Um rascunho levado à público no ano passado, porém, aponta investimentos chineses em energia nuclear, na indústria de petróleo e gás, portos, ferrovias e infraestruturas militares, disse o norte-americano “The Wall Street Journal”.

Em troca, Beijing deve receber suprimentos constantes de petróleo. Os dois países também teriam concordado em estabelecer um banco iraniano-chinês – em uma tentativa de escapar das medidas norte-americanas que expulsaram o país do sistema bancário global.

Em desafio aos EUA, China e Irã assinam acordo econômico e de segurança
O presidente chinês Xi Jinping em encontro com o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, em Teerã, janeiro de 2016 (Foto: Divulgação/Ali Khamenei Official)

O acordo acelera a cooperação entre Teerã e Beijing enquanto a China busca expandir o escopo de sua influência no Oriente Médio. Já o Irã busca saídas para a profunda crise, que fragiliza a economia em meio à pressão de Washington, intensificada a partir de 2018. À época, o então presidente Donald Trump deixou o acordo nuclear internacional com o Irã exigindo mais rigidez contra o governo dos aiatolás.

As importações chinesas de petróleo iraniano têm aumentado nos últimos meses. A expectativa é que, com o acordo, a China importe 918 mil barris por dia – o maior volume desde que os EUA impuseram um embargo total à matéria-prima do Irã, em 2019.

A mídia estatal da China não deu detalhes sobre o acordo, mas afirmou que Wang Yi se encontrou com o chefe de Estado iraniano, Hassan Rouhani, e Ali Larijani, conselheiro do líder supremo Ali Khamenei.

“Virada de jogo”

Os laços com a China devem tornar o Irã mais resistente e, ao mesmo tempo, inserir um novo elemento estratégico no Oriente Médio, escreveu o analista Amin Saikal ao think tank The Australian Strategic Policy Institute

Quando combinado com o estreitamento das relações entre Teerã e Moscou, o acordo China-Irã deve favorecer a posição regional dos aiatolás e seu poder de barganha em quaisquer negociações com Washington em relação ao tratado de contenção nuclear de 2015.

O presidente dos EUA, Joe Biden, já afirmou que está disposto a retornar ao acordo nuclear caso o Irã volte a cumprir seus compromissos. Teerã, contudo, exige a retirada total das sanções enquanto viola os termos desde 2019, quando passou a enriquecer altos níveis de urânio. As negociações não avançam desde fevereiro.

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