EI-K assume autoria de explosões que mataram dezenas de pessoas no Afeganistão

Ataques ocorreram durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, e dois dias após outros dois atentados contra escolas

O Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) assumiu a autoria de um atentado a bomba que deixou 11 mortos em uma mesquita xiita na cidade de Mazar-e-Sharif, no Afeganistão, na última quinta-feira (21). Esta foi uma entre várias explosões registradas no país que mataram ao menos 22 pessoas, de acordo com a agência Reuters.

Os ataques ocorreram durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, e apenas dois dias após outros dois atentados realizados contra escolas de ensino médio do país.

“Aconteceu uma explosão no segundo distrito, dentro de uma mesquita xiita”, disse Mohammad Asif Wazeri, porta-voz do Taleban na região, sobre a ação extremista em Mazar-e-Sharif.

Uma segunda explosão com vítimas foi registrada na cidade de Kunduz, no norte do país. De acordo com um funcionário dos serviços de saúde locais, também foram registrados 11 mortos nesse ataque, que foi igualmente reivindicado pelo EI-K.

Homem-bomba do Ei-K no Afeganistão (Foto: reprodução de vídeo)

As autoridades afegãs registraram ainda mais duas explosões, ambas em rodovias. Um dos alvos foi um veículo que transportava mecânicos a serviço das forças armadas, em Kunduz. Há registros de crianças entre os feridos, mas não foram relatadas mortes. A outra bomba explodiu em Cabul e feriu três pessoas, sendo uma criança.

De acordo com o Taleban, seus combatentes entraram em confronto com os membros do EI-K em Mazar-e-Sharif. Wazeri, o porta-voz do grupo, não informou se os extremistas que trocaram tiros com os talibãs foram os autores dos ataques a bomba.

A onda de violência levou Richard Bennett, relator especial de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Afeganistão a se manifestar. “Hoje, mais explosões atingem o #Afeganistão, atingindo a mesquita #xiita em Mazar-e-Sharif e novamente a comunidade #Hazara é vítima. Ataques sistemáticos direcionados a #escolas e #mesquitas lotadas exigem #investigação, #responsabilidade e fim de tais violações dos #direitos humanos”, disse ele no Twitter.

Por que isso importa?

Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.

Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.

Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos eles ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan, quando as bombas do grupo mataram 182 pessoas na região do aeroporto de Cabul.

No início de outubro de 2021, dezenas de pessoas morreram em um ataque suicida a bomba contra uma mesquita na província de Kunduz, no nordeste do Afeganistão. Já em novembro, nova ação do EI-K, esta contra um hospital de Cabul, deixou 25 pessoas mortas e cerca de 50 feridas.

Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.

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