Em apelo recorde para um país, ONU pede US$ 4,4 bilhões para Afeganistão

Secretário-geral da entidade diz que 95% dos afegãos não têm o suficiente para comer e 9 milhões correm risco de passar fome

A ONU (Organização das Nações Unidas) lançou nesta quinta-feira (30) o maior apelo financeiro já feito por um país, pedindo US$ 4,4 bilhões em prol da população do Afeganistão.  

O secretário-geral da ONU, António Guterres, explicou que a meta é conseguir entregar comida, água, cuidados de saúde e de educação, além de proteção e abrigo, para 22 milhões de afegãos. Segundo ele, menos de 13% do apelo está financiado.  

Guterres traçou um panorama da situação afegã desde que o Taleban retornou ao poder ,em agosto passado. Segundo o chefe da ONU, 95% dos afegãos não têm o suficiente para comer, e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) alerta para o risco de 1 milhão de crianças morrerem desnutridas.  

Afegãs em centro de distribuição de comida de Herat, no Afeganistão (Foto: Sayed Bidel/Unicef)

O preço dos alimentos disparou com a guerra na Ucrânia, causando “uma catástrofe tanto para os afegãos que lutam para alimentar suas famílias como para as operações de ajuda” da ONU e parceiros, segundo Guterres. “As pessoas estão vendendo as próprias crianças e partes de seus corpos, para conseguir alimentar suas famílias”, disse ele. 

O secretário-geral destacou que a economia do Afeganistão entrou em colapso e que 80% da população tem dívidas. O Pnud (Programa da ONU para o Desenvolvimento) calcula inclusive que 97% da população estará vivendo abaixo da linha da pobreza até meados do ano.  

Desde junho de 2021, as necessidades humanitárias triplicaram. No ano passado, as Nações Unidas conseguiram ajudar 20 milhões de pessoas. 

Violência de gênero

António Guterres aproveitou o evento de financiamento para o Afeganistão para novamente condenar a suspensão das aulas para meninas a partir do sexto ano escolar.

O secretário-geral lembrou que a medida “viola os direitos das meninas, as expondo ainda mais à violência, pobreza e exploração”. Ele pediu a “todos que têm poder de influência para pressionarem as autoridades de fato a cumprirem com a promessa de reabrir as escolas para todos os estudantes, sem discriminação nem atrasos”.  

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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