EUA anunciam a morte de líder do Estado Islâmico em operação das forças iraquianas

Terrorista foi identificado como Shahadhah Allawi Salih Ulaywi al-Bajjari, o mais graduado oficial do grupo no norte do Iraque

Um ataque aéreo realizado pelas Forças Armadas do Iraque matou um líder do Estado Islâmico (EI) e outros três combatentes do grupo extremista no país árabe. A informação foi divulgada pelo governo norte-americano, segundo o qual não há relatos de vítimas civis na operação.

“As forças de segurança iraquianas conduziram ataques aéreos de precisão no nordeste do Iraque em 14 de outubro, que mataram quatro membros da organização terrorista EI, incluindo um líder sênior”, disse o Comando Central (Centcom) das Forças Armadas dos EUA em comunicado publicado através da rede social X, antigo Twitter.

O líder do EI morto na operação foi identificado como Shahadhah Allawi Salih Ulaywi al-Bajjari, também conhecido como Abu Issa. Ele era o mais graduado oficial do grupo terrorista no norte do Iraque. Após o ataque, as forças iraquianas realizaram buscas no local e apreenderam coletes explosivos suicidas, armas, explosivos e munição.

Para realizar o ataque, as forças iraquianas contaram com o apoio da coalizão de combate ao terrorismo liderada pelos EUA no Iraque, onde o governo norte-americano mantém cerca de 2,5 mil soldados. No entanto, as tropas norte-americanas se preparam para encerrar a missão, o que acontecerá até setembro de 2025. A partir de então, os militares permanecerão por mais um ano na Síria, de onde sairão em setembro de 2026.

Veículos blindados do exército do Iraque, em janeiro de 2022 (Foto: reprodução/Facebook)
Por que isso importa?

O Estado Islâmico (EI) passou por um processo de enfraquecimento que começou com a derrota da organização em seus dois principais redutos. No Iraque, o exército iraquiano retomou todos os territórios que o grupo dominava desde 2014. Já as FDS (Forças Democráticas Sírias), uma milícia curda apoiada pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela facão extremista na Síria.

Desde fevereiro de 2022, o EI sofreu diversos duros golpes, com três líderes da organização mortos em operações de combate ao terrorismo. O mais recente deles foi Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi, morto em abril. O governo turco reivindicou a ação, embora a própria organização terrorista alegue que o comandante morreu em confronto com o Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), uma organização extremista associada à Al-Qaeda e listada pelo governo norte-americano como terrorista.

Ultimamente, porém, os EUA relatam um ressurgimento do grupo extremista que se concentra na Síria, onde novos seguidores são treinados para atuar como homens-bomba. Diante de tal cenário, dobraram em 2024 os ataques contra as forças aliadas de combate ao terrorismo, que ocorrem também no Iraque.

Mas o continente onde a facção mantém presença mais relevante é a África, através de afiliados locais. Um deles é o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS), que ampliou sua área de atuação, com aumento de ataques no Mali, em Burkina Faso e no Níger. Ainda tenta alcançar a Nigéria para fins logísticos e de recrutamento, possivelmente em colaboração com o ISWAP” (Estado Islâmico da África Ocidental).

“Apesar do progresso feito no direcionamento de suas operações financeiras e quadros de liderança, a ameaça representada pelo Daesh (sigla árabe para se referir ao grupo) e suas afiliadas regionais permaneceu alta e dinâmica nas amplas áreas geográficas onde está presente”, diz relatório divulgado em agosto de 2023 pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Terrorismo no Brasil

Episódios recentes mostram que o Brasil é visto como porto seguro pelos extremistas e é, também, um possível alvo de ataques. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al-Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao EI foram presos e dois fugiram.

Mais tarde, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles foram acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

A ameaça voltou a ser evidenciada com a prisão, em outubro de 2023, de três indivíduos supostamente ligados ao Hezbollah que operavam no Brasil. Eles atuavam com a divulgação de propaganda do grupo extremista e planejavam atentados contra entidades judaicas.

Para o tenente-coronel do exército brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), tais episódios causam “preocupação enorme”, vez que confirmam a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras).

A opinião é compartilhada por Barbara Krysttal, gestora de políticas públicas e analista de inteligência antiterrorismo.

“O Brasil recorrentemente, nos últimos dez, cinco anos, tem tido um aumento significativo de grupos terroristas assediando jovens e cooptando adultos jovens para fazer parte de ações terroristas no mundo todo”, disse ela, que também vê o país sob ameaça de atentados. “Sim, é um polo que tem possibilidade de ser alvo de ações terroristas.”

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