Governo afegão atribui ataque na Universidade de Cabul ao Taleban

Atentado deixou 22 mortos e mais de 40 feridos; governo afegão defende que tiroteio foi causado pelo Taleban

O governo do Afeganistão atribuiu a autoria do ataque à Universidade de Cabul, nesta segunda (2), ao Taleban. Em lados opostos, o governo afegão e o grupo extremista tentam entrar em acordo para cessar-fogo no país.

De acordo com o portal afegão ToloNews, o vice-presidente Amrullah Saleh disse, nesta terça (3), que “muitas evidências” apontam para o envolvimento do grupo extremista no atentado.

Mais de 40 pessoas ficaram feridas e 22 morreram no tiroteio, que se prolongou por horas, na maior universidade do Afeganistão. Três agressores abriram fogo contra estudantes que participavam de uma feira literária antes de serem mortos pela polícia.

Governo afegão atribui ataque na Universidade de Cabul ao Taleban
Estudantes recebem ajuda da polícia afegã para fugir do ataque em um dos muros da Universidade de Cabul, no Afeganistão, nesta segunda (2) (Foto: Twitter/Sami Mahdi)

Poucas horas depois, o grupo extremista Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque através de sua agência de notícias, Amaq. O alvo seriam juízes e investigadores recém-formados e pertencentes ao governo afegão que estavam no local, apontou a Associated Press. Nenhum ficou ferido.

De acordo com o EI, apenas dois de seus combatentes estavam envolvidos no ataque. “As informações não batem. É uma declaração falsa”, disse Saleh, ao afirmar que as armas usadas pelos agressores não correspondem às apresentadas pelo EI.

Além disso, os dois homens não parecem com os terroristas mortos no ataque e a polícia teria identificado uma bandeira do Taleban entre os pertences dos terroristas, afirmou o vice-presidente. “As últimas palavras que escreveram nas paredes das salas de aula foram ‘vida longa ao Taleban'”, relatou.

Tensão aumenta

Ao negar os comentários de Saleh, o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, afirmou que é o objetivo do vice-presidente é difamar o Taleban.

Mesmo com o início das negociações de paz, mediadas por Washington no Catar, os ataques mútuos entre o governo do país e o grupo islâmico persistem em todo o Afeganistão.

No início de setembro, as tratativas de paz trouxeram algum otimismo ao país. Com redução nos registros de Covid-19 e ligeiro cessar-fogo, os afegãos começaram a voltar às ruas.

Agora, no entanto, o medo volta ao país, marcado pela guerra. O ataque à Universidade de Cabul é o segundo a uma instituição de ensino em duas semanas.

No último dia 24, o EI reivindicou o atentado a outro centro de ensino da capital afegã. Pelo menos 24 estudantes foram mortos e mais de 100 ficaram feridos no bairro Dashti Barchi – de maioria xiita.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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