Os Houthis, do Iêmen, anunciaram que limitarão seus ataques a embarcações comerciais vinculadas a Israel a partir de agora, desde que todas as etapas do cessar-fogo na Faixa de Gaza sejam cumpridas integralmente. A medida pode representar uma redução significativa nos impactos sobre o comércio marítimo global, que tem enfrentado interrupções frequentes nos últimos anos. As informações são da rede Al Jazeera.
De acordo com o Centro de Coordenação de Operações Humanitárias de Sanaa (HOCC), que faz a intermediação entre forças Houthis e operadores de navegação comercial, as “sanções” contra navios de propriedade ou bandeira dos Estados Unidos e Reino Unido também serão suspensas.
“Reafirmamos que, em caso de qualquer agressão contra a República do Iêmen pelos Estados Unidos da América, pelo Reino Unido ou pela entidade israelense usurpadora, as sanções serão restabelecidas contra o agressor”, afirmou o grupo em comunicado enviado a representantes do setor naval.

A decisão dos Houthis ocorre em paralelo ao início do cessar-fogo entre Israel e Hamas, que busca encerrar os 15 meses de conflito em Gaza e será implementado em três fases ao longo de semanas. Em resposta à ofensiva israelense, os Houthis, apoiados pelo Irã, realizaram mais de cem ataques a embarcações desde novembro de 2023, resultando no afundamento de dois navios e na morte de ao menos quatro tripulantes.
Esses ataques concentraram-se no sul do Mar Vermelho e no Golfo de Áden, áreas estratégicas para o comércio internacional, conectadas pelo estreito de Bab al-Mandeb. O estreito é uma rota crucial entre Europa e Ásia, e a escalada de violência forçou grandes companhias de transporte marítimo a desviarem suas embarcações para o sul da África, aumentando custos e prazos de entrega.
Apesar da redução nas ofensivas, a retomada da navegação na região ainda é incerta. “Voltaremos ao Mar Vermelho quando for seguro”, afirmou um porta-voz da empresa alemã Hapag-Lloyd à Reuters. Jakob Larsen, da associação de navegação BIMCO, destacou que as operações poderão ser retomadas gradualmente, “assumindo que o cessar-fogo se mantenha”.
A insegurança também elevou os custos do transporte marítimo, com prêmios de seguro mais altos e salários adicionais para marinheiros em áreas de alto risco. Segundo executivos do setor, o custo extra para uma viagem de sete dias na região pode ultrapassar centenas de milhares de dólares.
Além de ataques a navios, os Houthis também realizaram ofensivas diretas contra Israel, que, em resposta, bombardeou instalações controladas pelo grupo no Iêmen, incluindo portos e usinas de energia. O Reino Unido e os Estados Unidos também retaliaram com ataques e sanções ao grupo rebelde, que permanece sob vigilância internacional.