Jornalistas são condenadas no Irã por cobrirem caso Mahsa Amini

Presas há um ano, Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi são acusadas ​​de agir contra a segurança nacional, em suposta colaboração com os EUA, alegações negadas pela defesa

No domingo (22), a Justiça iraniana condenou duas jornalistas à prisão devido à sua cobertura da morte de Mahsa Amini, ocorrida em 2022 enquanto estava sob custódia policial. A agência de notícias estatal IRNA divulgou que Niloofar Hamedi, de 31 anos, recebeu uma sentença de sete anos, enquanto Elahah Mohammadi, 36, pegos seis anos. As informações são da rede Radio Free Europe.

As acusações incluem “colaboração com o governo hostil dos EUA“, sendo cinco anos de pena por “agir contra a segurança nacional” e um ano por “propaganda contra o sistema“. Os advogados das jornalistas afirmaram que suas clientes negam as imputações.

De acordo com o site oficial de notícias do judiciário iraniano, existem provas substanciais de que Hamedi e Mohammadi têm ligações com entidades e indivíduos associados a Washington, o que, segundo o judiciário, foi feito “de forma deliberada e em desacordo com as políticas de segurança do Irã“.

As jornalistas Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi (Foto: redes sociais/reprodução)

As penas impostas podem ser passíveis de redução, conforme mencionado no site. As sentenças preliminares podem ser contestadas em um tribunal de Teerã dentro de um prazo de 20 dias.

Niloofar Hamedi, fotógrafa do jornal Sharq, foi detida após fazer uma foto dos pais de Mahsa abraçados em um hospital de Teerã, enquanto a filha estava em coma. Já Elaheh Mohammadi, repórter do jornal Ham Mihan, foi presa depois, quando estava cobrindo o funeral da jovem em sua cidade natal, Saqez.

Desde setembro de 2022, as profissionais de imprensa estão detidas na prisão de Evin, em Teerã.

O enviado especial adjunto dos EUA para o Irã, Abram Paley, condenou as prisões e sentenças de Niloofar e Elahah pelas redes sociais, afirmando que o regime iraniano detém jornalistas por “medo da verdade”.

Segundo Sherif Mansour, coordenador do programa para o Médio Oriente e Norte de África do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), as condenações de Niloofar Hamedi e Elahah Mohammadi são “uma farsa evidente”, destacando a “preocupante erosão da liberdade de expressão e os esforços desesperados do governo iraniano para criminalizar o jornalismo”.

Mahsa Amini, de 22 anos, foi presa e forçada a entrar em uma viatura da chamada “polícia da moralidade” em Teerã em 13 de setembro do ano passado. As autoridades alegaram que ela não estava em conformidade com as leis rigorosas do país sobre o uso obrigatório do véu.

A morte dela desencadeou protestos em todo o país. As manifestações começaram no Curdistão, província onde vivia a jovem, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da República Islâmica.

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