Líder da Al-Qaeda aparece em novo vídeo e aumenta especulação de que esteja vivo

Relatos da morte de Ayman al-Zawahiri surgiram no final de 2020, mas vídeos e relatórios de inteligência deste ano indicam que ele esteja vivo

Um vídeo publicado pelo canal de mídia oficial da Al-Qaeda, na terça-feira (23), reforçou os indícios de que o principal líder da organização extremista, Ayman al-Zawahiri, esteja vivo. Na gravação, o jihadista critica a ONU (Organização das Nações Unidas) pelo tratamento dispensado aos muçulmanos e às nações islâmicas, de acordo com a rede indiana WION.

No ano passado, boatos sobre a morte de al-Zawahiri circularam na internet, mas a informação não foi confirmada pelo grupo extremista. Neste ano, porém, diversos indícios apontaram no sentido oposto, dando a entender que o extremista ainda esteja vivo, embora não seja possível afirmar isso categoricamente.

Ayman al-Zawahiri, líder da Al-Qaeda, em vídeo com críticas à ONU (Foto: reprodução/Twitter)

Como nos episódios anteriores deste ano, as novas imagens não têm data nem fazem referência a eventos específicos, o que mantém o assunto no campo das especulações. O extremista ele cita os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, e acusa a entidade de ser hostil às nações de maioria muçulmana.

No vídeo de 38 minutos, al-Zawahiri diz que a ONU foi criada “pelas potências vitoriosas na Segunda Guerra Mundial com o objetivo de impor um sistema político e uma doutrina em todo o mundo e com vistas a estabelecer sua hegemonia sobre o resto da humanidade”. Afirma, ainda, que as decisões da entidade e a Declaração Universal dos Direitos Humanos devem ser rejeitadas, pois foram redigidas por “uma organização criada para controlar o mundo e impor-lhe uma ideologia irreligiosa e imoral, que contradiz o princípio islâmico Shariah”, segundo o site Militan Wire.

Por que isso importa?

Os primeiros relatos da morte do chefe da Al-Qaeda surgiram em novembro de 2020, na imprensa paquistanesa. As informações apontavam que Zawahiri teria morrido de causas naturais, provavelmente no Afeganistão.

Em março, um vídeo lançado pela Al-Qaeda alimentou os rumores de que o sucessor de Osama bin Laden estaria morto. A principal figura do grupo jihadista falou em apenas quatro dos 22 minutos daquele informe, que tratou do genocídio contra os muçulmanos rohingya de Mianmar. No restante, um narrador atualizou o tema.

Em maio, um relatório da inteligência dos EUA apontou que o chefe da Al-Qaeda estava vivo e escondido no Irã, com outros líderes tendo assumido o comando da organização terrorista. A informação foi ratificada no mês seguinte pelo Conselho de Segurança da ONU, segundo o qual al-Zawahiri estava vivo, embora com a saúde “muito frágil” para aparecer em vídeos de propaganda.

“Relatos anteriores de sua morte devido a problemas de saúde não foram confirmados”, diz o documento. O relatório afirma ainda que uma “parte significativa” da liderança da Al-Qaeda está na região de fronteira entre Afeganistão e Paquistão, incluindo o líder.

Mais recentemente, em setembro, o jihadista apareceu em um vídeo sobre os 20 anos do ataque de 11 de setembro contra os Estados Unidos. Nele, o sucessor de Osama bin Laden citou um ataque contra forças russas ocorrido no dia 1º de janeiro, na Síria, indicando que estava vivo ao menos até o início de 2021. Entretanto, não mencionou a retirada das tropas dos EUA do Afeganistão, nem o fato de o Taleban ter assumido o governo afegão em agosto.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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