O especialista em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Tomas Andrews, afirmou nesta terça (22) que Tribunal Penal Internacional poderá julgar novamente o governo de Mianmar pelas violações contra a minoria muçulmana rohingya e outros grupos étnicos.
Andrews instou a ONU a analisar se o governo de Mianmar tem cumprido a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime e Genocídio, disse.
“Onde está a justiça para os presos em campos de refugiados em Bangladesh?”, questionou. “Enquanto [os rohingya estão presos] isso, os mesmos militares acusados no Tribunal Internacional pelo genocídio constroem casas em sua terra natal”.
Por causa da perseguição, boa parte da população rohingya migrou para a fronteira com Bangladesh.
O relator especial também alertou para o aumento de crianças rohingya vítimas dos ataques das forças de segurança de Mianmar. Segundo Andrews, os menores são alvos deliberados da violência nas aldeias do estado de Rakhine.
No início de setembro, duas crianças de cinco anos morreram e outra ficou ferida após disparos na cidade de Myebon, disse o representante das Nações Unidas.
No dia 10, a Anistia Internacional divulgou documentos que apontam o desvio de US$ 18 bilhões de uma empresa de Mianmar para militares birmaneses. Envolvidos nas atrocidades contra grupos étnicos se beneficiaram com o esquema.
“A impunidade e os direitos humanos não podem coexistir”, afirmou, ao citar as confissões gravadas por dois desertores do Exército de Mianmar que revelam massacres, estupros e outros crimes cometidos contra a população em agosto de 2017.