As forças da Turquia na Síria sofreram o segundo ataque em menos de uma semana causado por um recém-formado grupo jihadista, Ansar Abu Bakr al-Siddiq. O primeiro atentado ocorreu na noite desta quarta-feira (24), contra o posto de Ma’arat Misreen, no noroeste do país.
A área fica na zona rural da província de Idlib, na Síria, e é a principal rota para abastecimento das bases da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte). No sábado (20), o mesmo grupo reivindicou um ataque na cidade de Batbo, a cerca de 15 quilômetros dali.
“O pelotão de franco-atiradores tinha como alvo uma das principais bases dos militares turcos da Otan”, escreveu o grupo, em registro do jornalista britânico Aymenn Jawad Al-Tamimi. Três soldados turcos ficaram feridos. Ainda não se sabe quais foram as perdas no ataque desta quarta.
O grupo jihadista assumiu outros três atentados contra as forças turcas desde a sua formação, em agosto de 2020, de acordo com a emissora Voice of Africa. Os militantes se concentram em Idlib, reduto controlado por forças de oposição ao presidente sírio Bashar al-Assad.
A inclusão da Turquia nessa agenda de ataques pode ter relação com o apoio de Ancara aos rebeldes do HTS (Hayat Tahrir al-Sham), grupo islâmico dominante em Idlib.
Além da oposição aberta à Turquia e ao HTS, o Al-Siddiq também se opõe ao aumento das forças turcas em Idlib após acordo com a Rússia, no último dia 18. Os países financiadores do conflito, junto do Irã, concordaram em estender um cessar-fogo. Moscou apoia o governo de Assad.
Opositores em Idlib
Conforme o portal Al-Monitor, diversas facções islâmicas surgiram em Idlib nos últimos meses. Os grupos se opõem ao acordo de cessar-fogo assinado por Turquia e Rússia em março de 2020.
Os ataques visam sobretudo as patrulhas conjuntas russo-turcas em uma rodovia estratégica para o deslocamento de tropas da Otan.
Até o momento, o Al-Siddiq não manifestou ser aliado de grupos terroristas como a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico. Contudo, seus líderes também promovem o estabelecimento da sharia, a lei religiosa islâmica, na Síria.
Não se sabe quantos combatentes integram o Ansar Abu Bakr al-Siddiq. Especialistas disseram à VOA, porém, que a maioria dos membros pode ter desertado da HTS e outros grupos filiados à Al-Qaeda. O conflito da Síria se estende desde 2011.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.