ONU critica prisão de afegãs por desrespeito ao código de vestimenta: ‘Humilhação’

Nações Unidas apuram relatos de alegados maus-tratos e detenção em regime de incomunicabilidade de mulheres que não cobrem o rosto

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Escritório da ONU para os Direitos Humanos expressou profunda preocupação com a detenção de muitas mulheres e meninas por alegado não cumprimento do código de vestimenta segundo as regras do Taleban.

Em nota emitida em Genebra, o escritório pede às autoridades de fato para “reverter rapidamente as políticas e práticas que restringem o gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais pelas mulheres e meninas.” 

Grande parte das detenções ocorreu na capital Cabul. A Missão da ONU no Afeganistão, Unama, aponta outros casos registrados na cidade de Nili, na província de Daykundi.

Mulheres sofrem com a repressão de gênero no Afeganistão (Foto: Twitter/Reprodução)

Decorrem investigações de alegados maus-tratos e detenção em regime de incomunicabilidade e de que comunidades religiosas e minorias étnicas seriam afetadas de forma desproporcional pelas operações de aplicação da lei.

As autoridades solicitam que um guardião do sexo masculino assine uma carta garantindo o futuro cumprimento ou então a punição da vítima. A Unama revelou que apura relatos de exigência de pagamentos em troca de libertação.

Para a representante especial do secretário-geral no Afeganistão, Roza Otunbayeva, as medidas punitivas, que envolvem violência física, “são especialmente humilhantes e perigosas para as mulheres e meninas afegãs”.

Medidas repressivas em casa

A também chefe da Unama destaca que as detenções causam um enorme estigma que coloca as mulheres afegãs em risco ainda maior e que destroem a confiança pública.

O receio da missão da ONU é que a repressão leve as mulheres para um isolamento ainda maior devido ao medo de detenções arbitrárias e que “venham a criar um ambiente que permita que homens apliquem medidas repressivas em casa”.

A Unama disse que está envolvida em discussões sobre o tema com as autoridades de facto, incluindo o Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício.

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