ONU insta países a apoiar o Afeganistão após o terremoto mortal

Quase 362 mil pessoas precisam de apoio nas províncias de Paktika e Khost, que foram as mais afetadas

A principal autoridade da ONU no Afeganistão, Ramiz Alakbarov, apelou no domingo (26) por maior apoio internacional ao país, após uma visita de um dia a comunidades duramente atingidas pelo terremoto devastador da última quarta-feira (22).

“A visita de ontem reafirmou para mim tanto o sofrimento extremo das pessoas no Afeganistão quanto sua tremenda determinação diante da grande adversidade”, disse Alakbarov, vice-representante especial do secretário-geral e coordenador humanitário para o Afeganistão.

A ONU e seus parceiros desenvolveram um apelo de emergência de três meses, incluído em seu plano humanitário para o Afeganistão deste ano, para responder à catástrofe. O objetivo é aumentar e acelerar a entrega de assistência humanitária e de resiliência a quase 362 mil pessoas nas províncias de Paktika e Khost, que foram as mais afetadas.

“Apesar da generosidade fenomenal que os doadores já demonstraram ao Afeganistão nos últimos dez meses tumultuados, exorto a comunidade internacional a cavar fundo neste momento, enquanto a população enfrenta mais uma emergência, e prometer apoio a esses, sustentando os esforços”, disse ele.

No sábado (25), Alakbarov viajou para as aldeias de Mir Sahib e Khanadin, localizadas no distrito de Gayan, província de Paktika, uma das áreas mais afetadas pelo terremoto de magnitude 5,9.

Pessoas caminham entre os escombros de casas danificadas por terremoto no distrito de Gayan, na província de Paktika, no Afeganistão (Foto? Unicef)

Ele foi acompanhado por representantes da Acnur (agência da ONU para refugiados), OIM (Organização Internacional para as Migrações), PMA (Programa Mundial de Alimentos), OMS (Organização Mundial da Saúde), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), ONU Mulheres, FAo (Organização para Agricultura e Alimentação) e o Ocha (escritório de assuntos humanitários da ONU.

A delegação reuniu-se com moradores, muitos dos quais perderam familiares e amigos, incluindo várias crianças órfãs e separadas, e cujas casas são agora inabitáveis.

“Além da assistência alimentar e abrigo e reparo de emergência, intervenções como a restauração de canos de água danificados e atividades de prevenção e preparação para a cólera são absolutamente vitais, assim como a restauração de linhas de comunicação, acesso rodoviário e meios de subsistência básicos”, disse o Alakbarov. “Sem esse apoio transitório, mulheres, homens e crianças continuarão a enfrentar dificuldades desnecessárias e inimagináveis”.

A escala total da devastação causada pelo terremoto ainda não é conhecida, informou o Ocha, e as avaliações estão em andamento. As descobertas iniciais indicam que pelo menos 235 pessoas no distrito de Gayan foram mortas, incluindo 134 crianças. Cerca de 600 pessoas ficaram feridas, mais de 200 delas crianças. Mais de mil casas foram destruídas e duas escolas foram danificadas.

Em todas as áreas afetadas pelo terremoto, imagens de satélite revelam danos em pelo menos duas mil casas que estão a mais de cinco quilômetros de uma boa estrada nas áreas mais atingidas dos distritos de Gayan e Barmal, na província de Paktika, e do distrito de Spera, na província de Khost. Além disso, dezenas de milhares de casas que ainda estão de pé sofreram danos extensos e correm o risco de desabar.

O terremoto ocorreu em um momento em que o aumento das restrições às mulheres e meninas afegãs ampliou suas necessidades e também complicou os esforços para ajudá-las.

Alison Davidian, Representante Interina do País para a ONU Mulheres, explicou que mulheres e meninas são afetadas diferencialmente pela crise. “Quando seus direitos de se mover e trabalhar são restritos como no Afeganistão, elas são desproporcionalmente impactadas, especialmente no acesso a alimentos, saúde e abrigo seguro”, disse.

No futuro, as mulheres trabalhadoras humanitárias, bem como os grupos da sociedade civil liderados por mulheres, devem estar no centro da resposta. “Esta é a única maneira de garantir que as necessidades e direitos de mulheres e meninas em risco e afetadas por crises sejam efetivamente identificadas e abordadas”, disse Davidian.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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