A ONU (Organização das Nações Unidas) retirou o nome de duas autoridades do Taleban de uma lista de exceções que os autorizava a realizar viagens internacionais. Eles perderam o privilégio em virtude das restrições que o grupo internacional impõe à educação de meninas no Afeganistão. As informações são da agência Reuters.
A decisão de excluir os dois nomes da lista foi aprovada por unanimidade pelo comitê de sanções do Taleban do Conselho de Segurança da ONU. Os dois indivíduos sancionados são o vice-ministro da Educação Said Ahmad Shahidkhel e o ministro do Ensino Superior Abdul Baqi Basir Awal Shah.
Dezenas da talibãs integram uma lista de sanções que os proíbe de viajar internacionalmente e leva ao congelamento de bens. Entretanto, desde que o grupo assumiu o poder no Afeganistão, em agosto de 2021, uma lista de exceções foi criada, contendo 15 nomes. Foi uma forma de permitir ao Taleban criar laços diplomáticos e debater questões humanitárias com outras nações.
Na segunda-feira (20), o comitê de sanções se reuniu para discutir a ampliação do prazo dessa lista de exceções. Ela foi aprovada, mas com a exclusão dos dois indivíduos ligados à educação.
Em março, o Taleban fechou as escolas afegãs para meninas a partir do que, no Brasil, equivale à 6ª série do ensino fundamental. Na ocasião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que a restrição “não apenas viola os direitos iguais de mulheres e meninas à educação, mas também põe em risco o futuro do país em vista das enormes contribuições das mulheres e meninas afegãs”.
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Por que isso importa?
Desde que chegou ao poder, o Taleban busca reconhecimento global como governo de direito do Afeganistão. Enquanto isso não ocorre, o país continua marginalizado da comunidade internacional, justamente em razão das acusações de abusos dos direitos humanos e da forte repressão, sobretudo contra mulheres.
Também pesam contra o grupo as acusações de proximidade com a Al-Qaeda, uma das principais organizações terroristas do mundo. Relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado no final de maio de 2022 afirma que, conforme avaliação dos Estados-Membros a “Al-Qaeda tem um porto seguro sob o Taleban e maior liberdade de ação”.
Mais que legitimar os talibãs internacionalmente, o reconhecimento fortaleceria financeiramente um país pobre e sem perspectiva imediata de gerar riqueza. Em meio à crise profunda que os afegãos enfrentam, os Estados Unidos liberaram para ajuda humanitária., em fevereiro de 2022, US$ 3,5 bilhões em ativos congelados do Banco Central do Afeganistão em solo norte-americano.
Quando o governo afegão se dissolveu, com altos funcionários deixando o país, incluindo o presidente e o governador interino do banco central, deixou para trás pouco mais de US$ 7 bilhões em ativos depositados no Federal Reserve Bank dos EUA. Como não estava mais claro quem tinha autoridade legal para obter acesso a essa conta, o Fed tornou os fundos indisponíveis para saque.
Washington congelou os fundos afegãos mantidos nos EUA após o grupo islâmico ascender ao poder, em agosto do ano passado. Ultimamente, o governo Biden vinha sendo pressionado a disponibilizar o dinheiro sem reconhecer o regime do Taleban, que alega ser o dono do dinheiro. O valor, então, acabou liberado, com a outra metade destinada a pagar indenizações às vítimas dos ataques de 11 de setembro.
O Afeganistão tem mais US$ 2 bilhões em reservas, depositados em países como Reino Unido, Alemanha, Suíça e Emirados Árabes Unidos. A maioria desses fundos também está congelada. Autoridades norte-americanas relataram ter entrado em contato com aliados para detalhar sua iniciativa, mas Washington foi o primeiro a oferecer um plano sobre como usar os ativos congelados para auxiliar o povo afegão.