ONU realiza operação de alto risco no Iêmen para evitar derramamento de óleo catastrófico

Secretário-geral das Nações Unidas diz que operação visa "desarmar o que pode ser a maior bomba-relógio do mundo"

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

A ONU (Organização das Nações Unidas) começou na terça-feira (25) a desviar um milhão de barris de petróleo de um superpetroleiro que está se decompondo na costa do Iêmen devastado pela guerra, um passo crucial na corrida contra o tempo para evitar um potencial desastre ambiental.

O superpetroleiro FSO Safer tornou-se um símbolo da necessidade de ação urgente para evitar danos maciços ao ecossistema marinho em uma área que abriga as principais rotas marítimas globais. 

O navio enferrujado e encalhado contém quatro vezes a quantidade de óleo derramado pelo Exxon Valdez, o suficiente para eventualmente torná-lo o quinto maior derramamento de óleo de um navio-tanque na história caso viesse a ocorrer.

“As Nações Unidas iniciaram uma operação para desarmar o que pode ser a maior bomba-relógio do mundo. Esta é uma missão de mão na massa e o culminar de quase dois anos de trabalho político, angariação de fundos e desenvolvimento de projetos”, disse o secretário-geral da ONU António Guterres .

Funcionários da ONU alertaram durante anos sobre a possibilidade de que o navio-tanque de 47 anos, encalhado ao norte do porto iemenita de Hudaydah, pudesse rachar e explodir.

O petroleiro FSO Safer, encalhado na costa do Iêmen (Foto: undp.org)
Ameaça marinha existencial

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) alertou que um vazamento maciço do Safer destruiria faixas de vida marinha no Mar Vermelho. A porta-voz Sarah Bel expressou preocupação com as comunidades pesqueiras da Costa Vermelha do Iêmen, que já vivem em uma situação de crise, pois um derramamento poderia ‘acabar com 200 mil meios de subsistência instantaneamente, e o estoque de peixes levaria 25 anos para se recuperar.

Descrevendo a operação como a primeira desse tipo, ela foi cautelosa durante essa “fase de emergência”, mas garantiu aos repórteres que tudo foi feito para “garantir o sucesso”.

O FSO Safer está ancorado a cerca de 4,8 milhas náuticas a sudoeste da península de Ras Issa, na costa oeste do Iêmen, há mais de 30 anos. Em 2015, a manutenção do petroleiro foi interrompida devido ao conflito de oito anos no país, entre uma coalizão pró-governo liderada pela Arábia Saudita e os rebeldes houthi. Como resultado, o navio está agora além do reparo.

Desastre humanitário e ambiental

Segundo o Pnud, um derramamento de óleo resultaria no fechamento de todos os portos da região, cortando alimentos, combustível e outros suprimentos vitais para o Iêmen, onde 80% da população já depende de ajuda.

O chefe da ONU alertou que o custo apenas de uma limpeza seria de US$ 20 bilhões e disse que o transporte até o Canal de Suez poderia ser interrompido por semanas.

Elogiando a colaboração do projeto entre as Nações Unidas, ele destacou o “trabalho político implacável” que a operação envolveu “em um país devastado por oito anos de guerra”. Mas observou que este foi apenas um “marco na jornada”, pois o próximo passo envolve prender a embarcação de substituição a uma bóia de segurança especializada.

António Guterres pediu mais US$ 20 milhões para concluir o projeto, incluindo a demolição do Safer e a remoção de quaisquer ameaças ambientais remanescentes no Mar Vermelho.

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