Paquistão ordena a saída de migrantes afegãos considerados ilegais

Islamabad determinou que mais de 1,7 milhão deixem o país após serem responsabilizados por ataques terroristas ocorridos neste ano

Na terça-feira (3), o Ministério do Interior do Paquistão divulgou um comunicado informando que quase dois milhões de afegãos que estão vivendo ilegalmente no país precisam ir embora até o final deste mês, sob risco de deportação. A motivação por trás dessa decisão é o fato de que cidadãos do país vizinho foram identificados como os autores da maioria dos atentados suicidas ocorridos em 2023, totalizando 14 incidentes em 24 ocorrências. As informações são da rede Deutsche Welle

O ministro do Interior, Sarfraz Bugti, estabeleceu o prazo até 1º de novembro para que esses afegãos deixem o país, destacando que cerca de 1,73 milhão deles não possuem documentação legal para sua permanência.

O governo paquistanês anunciou que aqueles que não saírem de forma deliberada serão deportados.”Se eles não forem voluntariamente, todas as agências de aplicação da lei, tanto nas províncias quanto no governo federal, serão usadas para deportá-los”, declarou Bugti.

Mulher apresenta carteira de identidade fornecida pelo governo do Paquistão para os refugiados afegãos (Foto: European Union/ECHO/Pierre Prakash/Flickr)

A postura linha-dura de Islamabad contra os refugiados afegãos está relacionada ao aumento da violência do Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão, a organização extremista mais ativa em território paquistanês.

Taleban afegão e o homônimo paquistanês são entidades separadas, mas ambos são grupos sunitas e seguem os mesmos preceitos fundamentalistas. Islamabad já usou a proximidade entre as organizações para negociar acordos de paz com o TTP, mas agora encara a boa relação entre eles como uma ameaça.

O TTP tem como objetivo derrubar o governo paquistanês e impor sua interpretação rigorosa da lei islâmica como forma de governo.

Regras de entrada mais rígidas

O Paquistão decidiu que, a partir do próximo mês, todos os cidadãos afegãos serão obrigados a entrar no país com passaporte e visto, seguindo a mesma regra aplicada a viajantes de outros países, segundo informa a rede Voice of America (VOA). O objetivo é combater atravessadores ilegais, incluindo militantes e contrabandistas.

A medida, conhecida como “regime de documento único”, substituirá a prática de décadas de concessão de autorizações de viagem especiais a indivíduos que vivem em tribos que abrangem a extensa fronteira de quase 2,6 mil quilômetros entre os dois países. Até o momento, o governo paquistanês não emitiu um comunicado oficial referente à nova política.

De acordo com uma diretriz federal oficial vista pela reportagem, o “passaporte como único documento de viagem será implementado a partir de 1º de novembro de 2023.”

A ordem legal enfatiza que “nenhum outro documento será aceito para viajar do Afeganistão ao Paquistão” e instrui as autoridades de imigração a tomarem as medidas necessárias e a anunciarem essa decisão de forma visível em todos os pontos de passagem ao longo da fronteira.

A situação legal dos afegãos que vivem no Paquistão é frequentemente precária, e muitos deles estão em situação irregular devido à falta de documentação adequada. Eles migram para o país vizinho devido a conflitos, instabilidade política, perseguição do Taleban e falta de oportunidades no Afeganistão.

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